Richards, classe na casualidade

Por IESA RODRIGUES

Loja nº 1, até hoje na Maria Quitéria, 95, Ipanema

Qualquer movimento de uma empresa que dure mais de 30 anos, neste mundo tão instável no mercado de consumo, chama a atenção geral. É o caso da Richards, prestes a completar 45 anos de atividade, sem perder o conceito de moda masculina urbana e ao mesmo tempo casual, inspirado no estilo de vida ao ar livre, típico do carioca.

Ricardo Ferreira, criador da marca, de vez em quando sai do circuito da criação e produção, diz que quer curtir a vida de pescarias e férias. Mas são escapadas rápidas, porque logo é convocado a voltar e redefinir o jeito Richards.

Agora uma notícia parece uma ameaça justamente a este estilo de moda: a sede administrativa sai da rua São Miguel, na Tijuca, e deve se instalar em São Paulo. A mudança pode ser coerente com o fato de a Richards integrar o grupo da Inbrands, que integra também a Salinas, Bobstore, VR, Mandi e tem a liderança da Ellus e da Second Floor.

A sensação de ameaça vem justamente da hipótese da marca masculina carioca de maior prestígio nacional perder sua identidade, virar a roupa paulistana, sóbria e executiva. Não seria a primeira vez que aconteceria: Isabela Capeto, Alexandre Herchcovitch, Marcelo Sommer são alguns profissionais que se deram mal quando deixaram de ser independentes.

Não deve ser o caso da Richards, marca estável, com coleções atemporais e uma respeitável rede de mais de 80 lojas, entre próprias e franquias. Há muito tempo a produção é internacional e parte do branding já sai da Inbrands. Esta saída da rua São Miguel deve significar outro tipo de mudança: para garantir o jeito carioca da Richards, Ricardo Ferreira terá que frequentar mais a Ponte Aérea.

* Jornalista especializada em moda, design e life style, ex-Editora de Moda da revista Domingo, do JORNAL DO BRASIL, viu a Richards surgir em 1974.