Niely vai fechar fábrica na Baixada por questões de segurança e concentrar atividades em SP

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Área industrial e de distribuição, de 10 mil m2 da Niely, a ser desativada pela LOreal, fica em Nova Iguaçu, no coração da Baixada Fluminense

A Niely Cosméticos, uma das maiores unidades de cosméticos voltados para afrodescententes, comprada em 2014 pela gigante francesa L’Oreal, vai fechar sua fábrica e seu centro de distribuição, de quase 10 mil m2, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, até meados de 2019. Além de razões de segurança, questões mercadológicas pesaram na decisão da L’Oreal de concentrar as atividades em São Paulo, onde estão as maiores centrais de produção do grupo francês e seu maior mercado consumidor.

Maior cidade do país, com 12,1 milhões de habitantes, quase o dobro do Rio de Janeiro, que tem 6,6 milhões de habitantes, a capital paulista concentra a maior clientela da L’Oreal e da Niely nos mais diversos tipos de cabelos e cosméticos. Assim como é a segunda “cidade italiana” do mundo, São Paulo é a primeira capital negra brasileira em números absolutos, acima do Rio de Janeiro e de Salvador. A capital baiana tem a maior concentração de afro-ascendentes, mas perde para São Paulo em números absolutos de negros na população.

História de sucesso

O mercado de produtos para cabelos afrodescentes, ou “rebeldes” como se falava, de forma politicamente incorreta sobre os cabelos de pessoas com origem negra, foi um dos grandes trunfos do crescimento da Niely, empresa criada em 1981, por Daniel de Jesus, um esforçado filho de um ascensorista e uma dona de casa da Baixada Fluminense. Ele começou fabricando shampus artesananais que vendia para a vizinhança. E a inspiração foi a dar um caimento suave aos cabelos rebeldes da filha Danielle. A empresa passou a vender fora das divisas do Estado do RJ em 1987 e em 1988 lançou seu primeiro sucesso: o Lysacrem.

O primeiro estouro mercadológico foi o Maddox, um produto que amaciava cabelos. As grandes marcas mundiais sempre tiveram dificuldades em desenvolver produtos que contentassem as mulheres brasileiras. Mas o maior sucesso nacional da Niely foi o Niely Gold, tonalizante lançado durante uma das edições do Big Brother Brasil.

A miscigenação entre o branco (português, holandês, francês, inglês, espanhol, alemão, suíço e italiano) com os índios (de diversas tribos) e os negros, também de diversas etnias africanas ou árabes, produziu os mais variados fios de cabelo. Já que não conseguia agradar, a L’Oreal decidiu comprar as marcas que faziam a cabeça das brasileiras. Hoje, o carro chefe da Niely é o tonalizante Cor&Ton.

Com o encolhimento das atividades na Baixada até mesmo os 11 andares do prédio l’Oreal no Porto Maravilha podem sofrer impacto. No momento, a japonesa Nissan também ocupa um andar no prédio, próximo à Praça Mauá.