Economia dá o tom no governo de transição

Por Gabriel Vasconcelos

1º encontro da equipe de transição foi comandado por Ônyx Lorenzoni (DEM) e o General Heleno

O presidente eleito Jair Bolsonaro comanda hoje, em Brasília, a primeira reunião da equipe de transição no Centro de Treinamento do Banco do Brasil. Metade da equipe já foi nomeada ontem, com 27 nomes já publicados em edição extra do Diário Oficial da União. Inicialmente, foram definidos 22 assessores e, depois, foram incluídos mais cinco, que atuarão sem remuneração por integrarem o atual governo. As reuniões começam hoje e os demais integrantes da transição devem ser anunciados até a próxima semana. No primeiro encontro de trabalho, Ônyx Lorenzoni (DEM), confirmado na Casa Civil, e o general Augusto Heleno, que será ministro da Defesa, sentaram na cabeceira da mesa. Ambos terão um papel importante na condução do grupo.

A maior parte dos nomes na lista do governo de transição, anunciada ontem, por Lorenzoni, estão ligados à economia e trabalhará sob a tutela do superministro Paulo Guedes. É o caso de nove dos 27 indicados.

O protagonismo da equipe econômica nos grupos de trabalho idealizados até aqui é claro. Quatro terão forte presença de economistas: Desenvolvimento Regional; Modernização do Estado; Economia e comércio exterior; e Infraestrutura. No grupo selecionado por Guedes, cinco debutarão no governo e os outros quatro vêm da estrutura de Michel Temer. São eles Marcos Cintra, presidente da Finep, o presidente substituto do Ipea Alexandre Ywata e dois de seus técnicos: Adolfo Sachsida e Waldery Rodrigues, hoje cedido à Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

O time dos recém-chegados é encabeçado pelos irmãos Arthur e Abraham Weintraub. O primeiro é professor de Direito Previdenciário e Atuarial da Unifesp e deve trabalhar na equipe responsável pela nova Previdência, no grupo de Modernização do Estado. Arthur também foi executivo do mercado financeiro por mais de 20 anos e atuou como economista-chefe da Votorantim Corretora. O irmão, Abraham, também professor da Unifesp, preside o Centro de Estudos em Seguridade - CES. Em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo”, afirmou, em nome da dupla, que aceitou integrar o governo para evitar que o Brasil se torne uma Venezuela.

Além dos irmãos, um nome forte da lista é Carlos Alexandre da Costa, ex-diretor do BNDES e coordenador do Ibmec, faculdade que já foi diretamente gerida por Guedes, um dos principais acionistas do negócio à época. Outro nome de destaque é Roberto Castello Branco, diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV, onde leciona, que foi diretor financeiro da Vale e conselheiro da Petrobras no governo Dilma. Assim como Guedes, ele também esteve em Chicago, mas entre 1977 e 1978. Completa a lista Carlos Von Doellinger, economista da UFRJ.

Bolsonaro pode indicar até 50 pessoas para sua equipe de transição. Na lista, estão alguns nomes já confirmados como futuros ministros, como o economista Paulo Guedes, que vai comandar o superministério da Economia – que une Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio e Serviços.

Também compõem a equipe de transição o astronauta Marcos Pontes, que irá para Ciência e Tecnologia. O advogado Gustavo Bebianno, que estava interinamente como presidente do PSL e foi dos principais coordenadores de campanha de Bolsonaro, também foi nomeado.

A equipe de transição será coordenada por Ônyx Lorenzoni, já confirmado para a Casa Civil no governo eleito. Segundo ele, a equipe deverá ser ampliada com a indicação de novos integrantes, além da cessão de técnicos e servidores de outras áreas, bem como a designação de mais pessoas para compor a transição de forma voluntária. Todos os nomeados serão automaticamente exonerados dez dias após a posse de Bolsonaro. Os integrantes da equipe poderão dispor de telefone celular com acesso ao sistema que servirá como base para o governo eleito. A plataforma, chamada Governa, já é utilizada para troca de informações entre os ministérios. A equipe terá acesso irrestrito às informações das pastas, como dados sobre o governo atual e o que se planeja para 2019 com base no Orçamento previsto para 2019.