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O Brasil que cria: economia criativa fora dos grandes centros
Quando o interior dita tendência
Durante décadas, o circuito cultural e criativo do Brasil foi associado às capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife. No entanto, nos últimos anos, um movimento silencioso e transformador tem ganhado força no interior do país. Cidades médias e pequenas estão se tornando polos dinâmicos de inovação cultural, empreendedorismo e produção simbólica — mostrando que a criatividade brasileira não tem CEP fixo.
Esse fenômeno é impulsionado por vários fatores. Um deles é o avanço da internet e das redes sociais, que permitem que artistas, artesãos, músicos, designers e produtores culturais se conectem com públicos e mercados de todo o Brasil (e do mundo), sem precisar sair de suas cidades de origem. Outro fator é o esgotamento do modelo concentrador das grandes metrópoles, que enfrentam altos custos, precarização e saturação dos circuitos tradicionais.
O poder da cultura enraizada
Ao contrário do que muitos pensam, a criatividade no interior não é uma “cópia” do que se faz nos grandes centros. Pelo contrário: ela parte de repertórios locais, linguagens próprias, modos de fazer que dialogam com a história, o território e os saberes populares. Um coletivo de teatro em Petrolina, uma editora independente em Caruaru, um estúdio de design em Montes Claros — todos esses projetos trazem uma força estética e política que desafia os modelos urbanos convencionais.
Essas iniciativas têm criado ecossistemas culturais sólidos, que incluem oficinas, festivais, feiras, espaços autônomos, rádios comunitárias, redes de colaboração e financiamento coletivo. É uma cena viva, descentralizada e conectada, que não depende de grandes editais ou patrocínios para existir — embora, claro, políticas públicas mais estruturadas pudessem impulsionar ainda mais esse potencial.
Inovação e acesso: o futuro é diverso
Um dos traços mais marcantes da economia criativa no interior é a combinação entre inovação e acessibilidade. A escassez de recursos financeiros leva muitos produtores a desenvolver soluções criativas, econômicas e sustentáveis. Isso se reflete, por exemplo, em produtos culturais que priorizam materiais recicláveis, circuitos curtos de distribuição e eventos gratuitos ou a preços populares.
Esse modelo também tem inspirado plataformas digitais que buscam democratizar o acesso à produção e ao consumo cultural. Um bom exemplo é a O futuro da cultura brasileira passa por essas bordas férteis — onde a arte nasce da necessidade, da coletividade e da invenção cotidiana. Reconhecer e apoiar essas experiências é ampliar o horizonte do que chamamos de cultura nacional.
