Livro 'Lágrimas não caem no espaço' revela sensibilidade da jovem poeta  Luiza Mussnich

Por ANDRÉ DUCHIADE, andre.duchiade@jb.com.br

“Costumo brincar dizendo que vivo em estado de comoção continua. Estou sempre me emocionando, como se fosse hiperssensível. Me sinto uma outsider do banal: o que para os outros é normal, para mim não é”. Deste modo a jovem poeta Luiza Mussnich, de 26 anos, descreve a própria sensibilidade. Ela acaba de publicar “Lágrimas não caem no espaço” (7 Letras, R$ 26), seu segundo livro de poemas, que será lançado hoje às 19h na Livraria da Travessa de Ipanema.

Ela diz que começou a escrever pequena, dramatizando as aventuras das bonecas, escrevendo cartas de amor como ghost writer das amigas e rabiscando poeminhas. Aos 10 anos, compôs o primeiro livro, “O porto fantasma”. A família a incentivou tanto que chegou a produzir uma edição caseira, com tiragem de 500 exemplares. 

Na adolescência, a escritora diz que “colocava os pensamentos, êxtases e tristezas no papel. Me era muito natural traduzir sentimentos em palavras”. A?rma: “A linha entre escrever e sentir sempre me foi muito tênue. Considero minhas mãos uma extensão de meus olhos”. Em termos de poesia, cita entre os preferidos Wislawa Szymborska, Adília Lopes e Hilda Hist. Menciona também Paulo Henriques Britto, de quem foi aluna no curso de formação de escritores da PUC-Rio. Diz que gosta dos poemas assinados pelo próprio e também de suas traduções, como as de Elizabeth Bishop, “talvez melhores que o original”.

O atual livro foi escrito ao longo do ano passado, em boa parte no ar. Luiza fazia o curso de formação de escritores de Luiz Antonio de Assis Brasil, o que a obrigava a semanalmente pegar um avião para Porto Alegre. Ela diz que essa experiência de “estar em modo avião, incomunicável” foi “muito importante” para os poemas, que tratam de minúcias do cotidiano. A orelha é assinada por Lucas Viriato, editor do “Plástico Bolha”. Os comentários na contracapa são de Charles Peixoto e Nicolas Behr, da poesia marginal dos ano 1970. Behr que diz que a poesia de Luiza “não é de vidro. É escarpa, rochedo apontando no mar. Ter onde se agarrar”.

Antes, Luiza Mussnich lançou em 2016 “Um dia o amor vai encontrar você” (Id Cultural) e, em 2017, saiu “Microscópio” (7 Letras). Além de poeta, Luiza também estudou Jornalismo na PUC-Rio, estagiou na “Piauí” e contribui para a “Vogue Brasil”.