Crítica: 'O corvo'

Por Alice Turnbull

Os que buscam uma adaptação cinematográfica do conto homônimo de Edgar Allan Poe ou mesmo aqueles que esperam mais detalhes da vida (e morte) do romancista não os encontrarão em "O Corvo" (The Raven - 2012). De comum só os nomes. 

Dirigido por James McTeigue, mesmo diretor de "V de Vingança" (V for Vendetta - 2005), "O Corvo" é um suspense ficcional no qual Edgar Allan Poe (John Cusack), com a ajuda do detetive Emmet (Luke Evans), se vê na caça de um serial killer que se inspira em seus contos mais famosos e tem como próxima vítima sua noiva Emily (Alice Eve). Todos em seus devidos papéis clássico-maniqueístas pouco convincentes.

Previsível do início ao fim, porém sempre prendendo a atenção do espectador, "O Corvo" peca não por ser mais um suspense dispensável, mas por, além disso, usar a obra de Edgar Allan Poe para tal. É quase um paradoxo. Não se enlata um gênio. Poe é digno de Hitchcock. Colocá-lo na prateleira dessa forma soa quase como uma anti-propaganda de sua obra. Mas isso talvez só venha à mente daqueles que já conhecem Poe. A única esperança é que, ao ver o filme, a obra de Poe seja buscada por aqueles que ainda não a conhecem e que gere um reencontro para aqueles que já tiveram o primeiro contato. 

A impressão que fica é que o filme é uma tentativa desesperada de realizar um suspense no estilo "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (Se7en - 1995) e "Do Inferno" (From Hell - 2001) com contos famosos na falta de um bom roteiro.

"O Corvo" é um bom filme do gênero enlatado americano que embora possa animar pela trilha sonora e pelas sequências iniciais, não passa disso. Vale a pipoca. Mas que fique claro: Poe só se encontra em sua obra ou em Vincent Price e Boris Karloff.

Cotação: * (Regular)