Vanguart espera não perder credibilidade assinando com gravadora
Leandro Souto Maior, Jornal do Brasil
RIO - Nos moldes do Jethro Tull e Simply Red, o grupo Vanguart é daqueles que parecem ser uma 'banda de um homem só'. Helio Flanders, 24 anos, é o cantor, compositor, violonista, deu o nome e, nas entrevistas, é quem fala pelos outros quatro integrantes.
Esses caras são insubstituíveis garante. Se qualquer um sair vai mudar tudo. Não são meros coadjuvantes.
Depois de anos batalhando no underground mato-grossense e pelo Brasil afora, em festivais independentes conseguiram finalmente alcançar um sonho que, em tempos digitais, tem se tornado cada vez menos deslumbrante para as novas bandas que se lançam no mercado: assinar com uma grande gravadora. Pela Universal, lançam o CD e DVD Multishow registro, gravação ao vivo para especial do canal de TV paga. Para o band leader, o primeiro passo para o mundo do mainstream não afeta em nada o som e a integridade do Vanguart.
Peguei muito ônibus pelo Brasil só para fazer música. E foi ótimo lembra. A gravadora nos deu a possibilidade de gravar e ensaiar, ter assessoria de imprensa e acesso às rádios, tudo isso sem cortar nossa liberdade musical.
Flanders nasceu na pequena cidade de Arapongas, no Paraná, e foi criado em Londrina. Aos 8 anos, mudou-se para Cuiabá, no Mato Grosso, com o pai e a mãe. A família foi investir no ramo de móveis. O avô já tinha um negócio bem-sucedido por lá. Na adolescência, depois de cair de quatro pelo álbum Please please me, dos Beatles, decidiu que a música definitivamente era a sua praia.
Sou muito mais cuiabano do que paranaense declara. Foi lá que fiz minhas primeiras músicas, que vivi minha primeira paixão e a primeira vez que ouvi os Beatles.
Correndo atrás do sucesso, o Vanguart se baseou em São Paulo no ano passado. Na capital paulista, Flanders teve a oportunidade de acompanhar mais de perto outra de suas paixões: o futebol e o Corinthians.
Sempre gostei de jogar uma pelada e, não sei por que, sempre fui corintiano. Hoje, para mim, é Deus no céu e Ronaldo na Terra.
Se no futebol Flanders é monogâmico, na música gosta de variar os parceiros. Mas só de brincadeira.
Quando preparei as primeiras demos do Vanguart, toquei todos os instrumentos, mas era uma coisa informal, só para dar aos amigos. Não me considero músico. Sou muito mais um compositor que toca define. Arranho um violão, guitarra e baixo básicos de rock e um pouquinho de piano para compor. Mas nem me comparo com os caras da banda, que são bons de verdade.
Os cariocas devem demorar a ver o corintiano e seu time do Vanguart ao vivo. Consideram a cidade difícil .
Nos apresentamos algumas vezes no Rio, mas sempre senti que soamos um pouco estranhos. Em São Paulo, a vibração bateu de cara desde a primeira vez. Um dos meus sonhos é tocar no Circo Voador. Seria inacreditável.
Entre os Porongas
O Vanguart pode estar inserido em uma major, mas no CD player do vocalista só rolam independentes, como as bandas Los Porongas, do Acre, Pública, do Rio, e Porcas Borboletas, de Minas Gerais.
Não gosto de nada dos anos 90 para cá. Meu gosto musical parou no Belle & Sebastian.
Se o contrato com a Universal não mexeu no som do grupo, no antigo meio social já começam a serem vistos com outros olhos pelos amigos mais chegados.
Quando souberam que estávamos com gravadora, alguns se adiantaram em falar: Pô, me leva para jantar. Não têm noção de que não é bem assim.
Enquanto a nova fase não se revela em números, Flanders sonha com um futuro possível.
Se tudo der certo, quero continuar gravando bons discos. Que olhe para trás e fique orgulhoso.
O jantar sugerido pelo velho amigo não está nem um pouco fora dos planos.
Se der para comer uma lagosta duas vezes por semana vai ser ótimo também!
