'O curioso caso de Benjamin Button' tem 13 indicações ao Oscar
Carlos Heli de Almeira, Jornal do Brasil
RIO - A estranha história de um homem que nasce com o relógio biológico invertido sai na frente na corrida pelo 81º Oscar. Protagonizado por Brad Pitt e dirigido por David Fincher (de O clube da luta), O curioso caso de Benjamin Button, em cartaz no Rio, cravou 13 indicações para o maior prêmio do cinema americano, inclusive as de Melhor Filme, Direção e Ator (Pitt). Sofisticada adaptação, ao custo de US$ 150 milhões, de um conto de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), o filme de Fincher deixou para trás outros favoritos da temporada, produzidos com muito menos dinheiro e efeitos especiais, como Quem quer ser um milionário?, de Danny Boyle, já premiado pelo Globo de Ouro, que consumiu meros US$ 15 milhões e acabou disputando 10 categorias, inclusive as de Filme, Direção e Roteiro Adaptado.
Filme de Van Sant tem 8 indicações
Os finalistas para o prêmio concedido pela Academia de Artes e Ciências de Hollywood foram anunciados ontem, em Los Angeles, por Sig Ganis, presidente da entidade, e o ator Forest Whitaker. Os vencedores serão revelados em cerimônia agendada para a noite do dia 22 de fevereiro. As esperanças brasileiras no Oscar de Filme Estrangeiro não vingaram: Próxima parada 174, de Bruno Barreto, o longa-metragem escolhido pelo governo para representar o país, sequer ficou entre os nove finalistas da categoria, revelados na semana passada. Não houve chance nem mesmo para Tropa de elite, de José Padilha, cujo produtor americano, Harvey Weinstein, tinha planos de colocá-lo na disputa em outras categorias principais.
A maior parte dos filmes bem cotados entre as associações de classe americanas vingou entre os indicados. Milk A voz da igualdade, de Gus Van Sant, sobre o primeiro prefeito gay de São Francisco, faturou oito indicações, contando com as de Filme, Direção e Ator (Sean Penn). Frost/Nixon, de Ron Howard, sobre os bastidores da primeira entrevista do presidente Richard Nixon logo depois do escândalo de Watergate, e O leitor, de Stephen Daldry (As horas), drama de época sobre dois amantes que se reencontram num julgamento por crimes cometidos durante a Segunda Guerra, ficaram com cinco indicações cada um, incluindo Melhor Filme. Dúvida, de John Patrick Shanley, adaptação da peça de mesmo nome, cravou quatro categorias de interpretação, uma delas a 15ª da carreira de Meryl Streep.
Filmes sem escopo modesto
Benjamin Button é a única produção de grande porte a chegar à disputa final pelas principais estatuetas. Até a metade da temporada esperava-se que a premiação seria dominada por superproduções como Batman O cavaleiro das trevas, de Christopher Nolan, e O Homem de Ferro, de Jon Favreau, por absoluta falta de filmes de escopo mais modestos, mas com valores artísticos. A safra, prejudicada pelas greve de roteiristas de 2007, foi salva pelos lançamentos de outono (no hemisfério Norte) e de Natal. Mesmo assim, Batman ficou com uma importante indicação, a de Melhor Ator Coadjuvante, uma homenagem póstuma a Heath Ledger, morto em janeiro do ano passado, antecipada por outras premiações recentes, como a do Globo de Ouro.
Tão impressionante quanto o número de indicações de Slumdog millionaire, que pode devolver o prestígio perdido ao autor de Cova rasa, é a quantidade de omissões cometidas pelos acadêmicos. Clint Eastwood, autor de dois importantes lançamentos da temporada, A troca e Gran Torino, ficou de fora da festa. O mesmo pode-se dizer de Steven Soderbergh, que contribuiu em 2008 com Che e Guerrilha, dois filmes sobre a trajetória de Ernesto Guevara. Mas a maior ausência de todas é a da produção italiana Gomorra, de Matteo Garrone, eleito um dos melhores e mais impactantes filmes do ano, inclusive pelo Globo de Ouro, na competição pela estatueta de filme falado em língua não-inglesa.
