Platéia escolhe as músicas do bis no show do Skank

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Ricardo Schott, JB Online

RIO - Do dancehall ao brit-pop, de Minas Gerais para todo o Brasil, da década de 90 ao século 21. O tempo 17 anos de carreira só fez bem ao Skank. De Samuel Rosa (voz, guitarra), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (violão, teclados) e Haroldo Ferreti (bateria), ainda é possível falar que desfrutam de uma situação bastante parecida com a de seus tempos áureos.

Não mudaram a formação, não partiram para o mercado independente. E, ainda que as vendas de mais de 1 milhão de cópias, como a de O samba Poconé, de 1996, tenham ficado para trás, permanecem bem-sucedidos numa das missões mais caras ao grupo: música pop certeira, mas sempre renovadora. Preparando-se para o lançamento carioca do décimo álbum, Estandarte numa minitemporada no Canecão que vai desta sexta-feira ao domingo Samuel afirma que a bandeira popular do grupo permanece hasteada no novo CD.

Tocamos em São Paulo e, lá, vimos que as músicas do novo disco entravam com grande facilidade. Ele acabou de sair e já havia muita gente cantando as canções, como já tinha acontecido no lançamento do Cosmotron (2003). Para o Rio, nossa expectativa ainda é maior alegra-se o vocalista, que, além dos sucessos da banda, vem mostrando covers como a de Helter skelter (Beatles), incluída em São Paulo porque Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, apareceu e quis tocar.

Estamos esperando que a Negra Li, que participa de Ainda gosto dela, esteja com a gente no Rio.

Estandarte deixa um certo clima de retorno no ar. O grupo voltou a ter, na produção, Dudu Marote, responsável por comandar as sessões de gravação de best-sellers da banda como Calango, de 1994. Os metais, que não davam as caras nos álbuns do grupo há bastante tempo, reapareceram na abertura do novo CD, com o soul jovem-guardista Pára-raio e estarão no palco. Para o show, no entanto, a banda vai privilegiar a fase mais recente, pós-Maquinarama (2000), que também gerou grandes hits, como Dois rios, Balada do amor inabalável e Vou deixar.

Os fãs antigos não só não foram esquecidos como terão a chance de votar nos hits passados da banda que desejam ouvir no bis. Ao entrar no Canecão, cada fã recebe um cartão, por intermédio do qual pode votar no seu combo preferido de canções, que incluem sucessos das antigas como Garota nacional e Te ver.

Saíram algumas canções antigas para as novas entrarem, mas o repertório ficou bastante equilibrado explica Samuel, que adora tocar no Canecão. Queríamos estender uma temporada inteira lá. Pela mística, é o melhor lugar do Brasil. E, para a gente, é como se apresentar no La Bombonera (estádio do Boca Juniors, em Buenos Aires). O público fica juntinho.

O tecladista Henrique Portugal avisa que, durante o show, o público pode ouvir músicas que quase não aparecem nos shows.

Ali, do Maquinarama, por exemplo, nós estamos recuperando e é uma música que quase não tocamos ao vivo ressalta Portugal, que, mesmo após quase duas décadas, ainda fica impressionado com a maneira como a platéia reage a certas canções. Vou deixar tem um riff marcante, se a gente quisesse era só deixar o público cantar. É a mesma coisa com Garota nacional e até com Jackie Tequila, cuja letra, quilométrica, todos entoam do começo ao fim.

Lançado com um pioneiro CD homônimo independente (editado em 1992, ainda na era do vinil, pelo selinho Nowboah, e depois relançado pela Sony, hoje Sony-BMG), o Skank solidificou sua reputação de fazedor de hits a partir de músicas certeiras compostas pela dupla Samuel Rosa e Chico Amaral que tinham um pé na renovação do rock nacional e outro no pop de rádio. Daí surgiram hits como Garota nacional, Amolação, Te ver, Pacato cidadão, Baixada news, O homem que sabia demais (em parceria com o poeta Tavinho Paes) e outros, entre 1992 e 1996.

Muita coisa mudou no Skank mas boa parte do público envelheceu com o grupo e acompanhou o quarteto.

O mais importante de tudo é que, nesse tempo todo, criamos uma assinatura. Nem é relevante, para quem ouve a gente, se fazemos reggae, rock, balada, porque nosso público tem outros critérios observa Samuel Eles já sabem que temos um compromisso com a não-repetição, e que sempre quisemos fazer uma música que tenha relevância para quem nos ouve. Não estamos filiados a nenhum tipo de partido musical e acho que isso é uma das coisas que fazem com que o Skank perdure até hoje.

O Canecão fica na Avenida Venceslau Brás, 215, Botafogo. O grupo se apresenta nesta sexta e sábado às 22h, e domingo às 20h30.