'007 - Quantum of solace' é continuação direta de 'Cassino Royale'
JB Online
RIO - O novo longa do agente britânico estréia nesta sexta-feira em todo o país, em cópias dubladas e legendadas.
Ação incessante e um Bond mais denso
André Gordirro
Ainda na gestão de Pierce Brosnan como protagonista da franquia, 007 resolveu uma sonolenta trama de disputa por oleodutos em O mundo não é o bastante (1999). Neste Quantum of solace (mais sobre o título a seguir), a idéia é praticamente a mesma: agora são as reservas naturais de água do planeta que estão na mira de um vilão corporativo (Mathieu Amalric, o irmão perdido de Pedro Cardoso).
Mas de sonolento o novo filme não tem nada. Além de orquestrar uma ação praticamente incessante, Marc Forster (Em busca da Terra do Nunca), um diretor especializado em dramas, realiza uma interessante análise de Bond. Aqui, o 007 de Daniel Craig é uma alma atormentada pela perda na amada (ocorrida no anterior Cassino Royale, do qual este é uma continuação direta, um fato inédito na série), capaz de ir contra a CIA e os interesses britânicos para saciar sua vingança. É aí que entra o título bizarro. Quantum of solace seria a elusiva paz de espírito que James Bond tanto busca.
O filme peca por não ser tão charmoso e essencialmente bondiano quanto Cassino Royale, mas acerta ao apresentar um personagem em franca evolução desde que Craig herdou o papel.
A transgressão do esperto espião
Maurício Zágari
No ano em que chegaria a seu centésimo aniversário, o criador de James Bond, Ian Fleming, ficaria orgulhoso por ver sua criação em 007 Quantum of solace. O filme, escrito com competência a partir de um conto do escritor londrino, traz Daniel Craig em sua melhor forma física e artística atuando em seqüências de ação meio rambônicas, meio jason-bourneanas. Nada bom para hipertensos, excelente para os entediados.
Quem gostava do sarcasmo charmoso de Sean Connery pode ficar decepcionado com o Bond seco consolidado por Craig neste episódio (vamos chamar assim, uma vez que a trama começa no fim do filme anterior e termina totalmente em aberto) da série. Por outro lado, quem sempre esperou um 007 mais realista e mortal vai ficar cada vez mais fã do ator, que se machucou três vezes durante as filmagens, como bom ser humano.
A trilha sonora segue a velha tradição da franquia, em seu 22º longa-metragem, embora não seja das mais memoráveis. Mas, como em momento algum de Quantum of solace o agente secreto pronuncia o mote Bond. James Bond , parece claro que o 007 do século 21 não está nada preocupado em preservar tradições.
