Estréia: 'Polaróides urbanas', de Miguel Falabella, com Marília Pêra

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Leandro Souto Maior, JB Online

RIO - "Polaróides urbanas" marca a estréia de Miguel Falabella atrás das câmeras. O ator, e agora diretor, também assina o roteiro do filme, que conta com um elenco de primeira, reunindo Marília Pêra, Arlete Salles, Neusa Borges, Natália do Valle, Marcos Caruso, Otávio Augusto e Juliana Baroni, entre outros. O longa entra em cartaz nesta sexta-feira, dia 29.

Trata-se de uma adaptação para o cinema do monólogo (de autoria do próprio Falabella) "Como encher um biquíni selvagem", que foi estrelado por Cláudia Jimenez nos anos 90. Desta vez, a protagonista é Marília Pêra, que interpreta dois papéis: as gêmeas Magali (uma dona de casa frustrada) e Magda (fútil e divertida). Impagável, a atriz rouba a cena. O papel lhe valeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, quando "Polaróides" foi escolhido o Melhor Filme na categoria Júri Popular e ainda levou o prêmio de Melhor Roteiro (para Miguel Falabella).

Apesar do elenco de 'globais', o longa não parece uma adaptação para o cinema de uma telenovela ou de uma minissérie. O filme é realmente muito interessante, mesmo para os que implicam com o cinema nacional. Em alguns momentos chega a lembrar o estilo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, como na própria introdução do longa, quando ainda estão sendo apresentados os nomes dos atores. Ainda neste mesmo comecinho, outro ponto de destaque, que pode passar despercebido ao olhar (ou melhor, ao ouvido) mais superficial: a envolvente música, creditada a outro fera, Guto Graça Mello.

"Polaróides urbanas" é uma comédia de costumes e trata das obsessões comuns a qualquer um. Em alguns momentos, o espectador pode achar que há exagero nessas caricaturas, como no caso do marido de Magali, que não tira o carro novo da garagem. Justificaria se o tom do filme fosse todo de comédia, mas em várias passagens o humor dá lugar à reflexões mais profundas e acontecimentos nos levam a pensar sobre nossas próprias vidas.

Mas é de fato o riso que domina a maior parte da história. Cenas da viagem de Magda ao Egito foram feitas nas dunas Cabo Frio. Um espirituoso 'caco' de Marília Pêra acabou sendo preservado no filme, quando ela reclama dizendo que 'isso aqui até parece Cabo Frio'!

No final do filme, fica a sensação de que Falabella passou no teste da direção, acumulando em sua carreira, além de ator e dramaturgo, mais uma atividade em que se revelou bem sucedido. Uma das principais estrelas do lançamento - apesar de não aparecer na tela, apenas atrás das câmeras -, ao subir das 'letrinhas' dos créditos finais, entram cenas de um 'making of', em que Falabella aparece em ação, dirigindo, e também fora de ação, se divertindo com o elenco.