O que os fãs já fizeram (e fazem) por seus ídolos

Por

Bruno Pontes, Agência JB

RIO - Histeria generalizada, horas intermináveis nas filas de lojas que nem abriram suas portas, vigílias nas bilheterias de estádios para guardar lugar ou comprar ingresso.

Estas são algumas das loucuras que todo fã que se preze deve ter em seu currículo para poder contar alguma história.

O fã, que nada mais é do que uma abreviação carinhosa de fanático está por toda parte, mas especialmente no mundo da música e do cinema. Neste momento eles se dividem por diferenças de gostos, mas tais diferenças param por ai, pois o que mais chama a atenção nesses discípulos de celebridades é a semelhança em comum existente em todos: fazer de tudo para estar perto do ídolo.

No Brasil, a última grande febre que chegou a tomar conta da cabeça dos adolescentes há dois anos foi o grupo mexicano Rebelde. Em 2006, quando a grande sensação veio ao Brasil, muitos pais se desesperaram com a ansiedade de seus filhos para marcarem presença no esperado show.

- Fui pisoteada na tarde de autógrafos do RBD, quase quebrei a perna, e meus pais nem souberam. Faço tudo para estar perto deles e se tivesse contado a eles o que aconteceu certamente não teria ido ao show. Sou mais apaixonada pelo RBD do que jamais fui por um garoto - se orgulha Samantha Sampaio, de 14 anos, que estava no evento do grupo mexicano em setembro do ano passado, em São Paulo, quando três pessoas morreram e outras 40 ficaram machucadas.

Samantha conta que ainda teve disposição de brigar por um lugar na frente do palco; tudo isto para prestar uma declaração de amor aos ídolos mexicanos do momento.

- Fizemos uma carta de mais de 70 metros de comprimento para jogar no palco no dia do show do RBD.

Queríamos muito que eles lessem, mas não deu lamenta a adolescente, que escreveu a quilométrica carta com ajuda de outros três fãs e amigos.

Mas quem pensa que fanatismo é coisa de adolescente, se engana. Eduardo Amaral, de 24 anos, estudante do 3º ano de Engenharia Civil da UFRJ, virou a noite de domingo para segunda-feira na fila para garantir a compra do ingresso para o show do Aerosmith, que aconteceu em abril deste ano, no estádio do Morumbi, em São Paulo.

Mesmo chegando tão cedo, o estudante conta que passou 11 horas na fila até conseguir alcançar a bilheteria.

- Sou fã deles desde moleque, e não podia deixar essa oportunidade de vê-los de perto passar, já que com certeza não vão mais voltar ao Brasil explica o jovem, que garantiu ter ficado muito feliz em ver que junto a ele, vários outros fanáticos faziam o mesmo esforço para marcar presença no grande show.

A psicóloga Lívia Barboza explica que não há mal em se identificar com um ídolo ou outro, desde que exista um controle emocional sobre tais sentimentos.

- Todos costumam ter ídolos ao longo da sua juventude e alguns os mantêm até mesmo quando se tornam adultos.

Mas a admiração tem que ser saudável e controlada para não se tornar algo ruim, como uma obsessão ou uma dependência emocional analisa a psicóloga.

Admirações que se tornaram doenças já fizeram história na relação de fãs com seus ídolos em outras partes do mundo. Em dezembro de 1980, o ex-beatle John Lennon foi baleado e morto por um fã na porta de seu prédio.

No entanto de uma forma geral, as loucuras dos fãs não costumam fazer mal a ninguém e podem guardar boas lembranças para os que a fazem, ou até mesmo beneficiar indiretamente pessoas que nem conheçam, como foi o recente caso de um grande fã do rapper Eminem, que comprou através de um leilão virtual no site eBay.com, 30 tijolos autografados pelo cantor.

O fã pagou cerca de US$ 685 dólares por cada tijolo totalizando um gasto de US$ 8,6 mil (quase 20 mil reais).

A loucura, que teve final feliz, ajudou muitas pessoas, já que a renda obtida com a venda do incomum objeto de admiração foi revertida para a Marshall Mathers, criada pelo próprio rapper para ajudar jovens necessitados e pela Eight Mile Boulevard, responsável pela restauração da estrada 8 Mile, em Detroit.