Mímico francês Marcel Marceau morre aos 84 anos
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PARIS - Marcel Marceau, o mímico mais famoso do mundo que durante décadas emocionou multidões sem usar uma única palavra, morreu aos 84 anos de idade.
As longas turnês e apresentações do francês na televisão levaram sua arte silenciosa ao mundo inteiro. Suas peças cômicas e trágicas tinham apelo universal, e cada público interpretava as performances de maneira diferente.
- A mímica, como a música, não conhece fronteiras nem nacionalidades. Se riso e lágrimas são características da humanidade, todas as culturas estão envoltas em nossa disciplina - disse ele uma vez.
No palco, ele encantava com seus movimentos silenciosos, com a face branca, o macacão e o chapéu.
Fora do palco, sem o figurino e sem maquiagem, Marceau era um homem magro e ágil, cuja eloquência complementava a mímica.
Na arte da mímica, dizia Marceau, gestos expressam a essência das aspirações mais secretas da alma.
- Para imitar o vento, é necessário tornar-se uma tormenta. Para fazer um peixe, você se joga no mar.
Ele criou o personagem Bip, o palhaço melancólico com uma flor no chapéu, que neste ano completou 60 anos.
- A mímica de Marceau viverá para sempre na figura de Bip. Ele tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos do mundo. Seus alunos e o mundo do show terão saudades - disse o primeiro-ministro François Fillon em comunicado confirmando a morte do artista.
A causa exata da morte não foi divulgada de imediato.
Marceau inspirou-se nos expoentes dos filmes mudos norte-americanos, como Charlie Chaplin e Buster Keaton, e nos palhaços da Commedia dell'Arte, tradição européia secular, além dos gestos estilizados da ópera chinesa e do teatro japonês Noh.
Marceau nasceu na cidade de Estrasburgo em 22 de março de 1923. Ele cresceu em Lille, onde seu pai era açougueiro. Quando começou a Segunda Guerra Mundial, seu pai foi sequestrado e depois morto pelos invasores nazistas. Em 1944, Marcel participou da Resistência com seu irmão mais velho.
Depois, serviu no Exército da França, com as forças de ocupação na Alemanha no final da guerra.
Ele começou a estudar teatro em 1946 com Charles Dullin e com o grande professor de mímica Etienne Decroux, que também ensinou a arte a Jean-Louis Barrault.
- Sou um progressista, um homem que quer a paz e que luta pela iluminação do mundo. Não sou apenas um artista - disse Marceau certa vez.
- Quero ser um homem que seja testemunha ativa do meu tempo e dizer, sem palavras, meus sentimentos sobre o mundo.
