Preços altos, filas longas e insatisfação marcam a atual noite carioca

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Hugo Cals, Agência JB

RIO - Em um típico fim de semana carioca, o público jovem que quer se divertir encontra cada vez mais dificuldades para encontrar uma boa opção. Apesar de ainda existir na cidade uma gama de bares, boates e restaurantes, o clima de insatisfação entre os freqüentadores começa a se tornar predominante. Muitas vezes, um fila longa na porta, um preço alto de ingresso e uma boa localização não são, necessariamente, sinônimo de diversão garantida.

No coração da cidade, a Zona Sul abriga um grande número de boates com públicos diversos. Em constante mudança, é muito comum boates abrirem e fecharem de acordo com tendências e temporadas, sem maiores explicações. Há cerca de 3 ou 4 anos, nomes como Prelude, Méli-Melo (que depois virou Sky Lounge), Nova Lounge ou Bombar Leblon eram alguns dos locais mais freqüentados pelo público da cidade. Hoje não existem mais. Isto reforça a característica sazonal vigente na noite carioca. De um mês para o outro, é possível encontrar uma boate lotada e em seguida, falida. Voltando mais ao passado, em meados da década de 90, boates como People, W e Resumo da Ópera também tiveram seus dias de glória antes de fecharam as portas, reafirmando esta tendência. Atravessando o túnel e chegando a Barra da Tijuca podemos atestar esta semelhança: muitas casas noturnas bombaram e sumiram, praticamente da noite para o dia. O bairro, que já atraiu legiões de jovens da Zona Sul para casas noturnas como Nuth ou Hard Rock Café hoje concentra um público predominantemente local.

Há cerca de um ano, a Zona Sul vem ganhando periodicamente novidades nas opções noturnas. Mas o que se comprova geralmente é que apesar de reformas estéticas em locais que já abrigaram outras boates, problemas de infra-estrutura permanecem. Recém-abertas as boates Katmandu, na Lagoa, e a Cristal Lounge, em Ipanema, ocupam os locais onde anteriormente funcionavam Prelude e Nova Lounge, respectivamente. Quem já freqüentou os dois endereços nestes momentos diferentes afirma que mudanças de fato foram poucos. O estudante de engenharia, Leonardo Telles reclama:

- Gosto muito de night mas está cada vez mais estressante sair. As boates fecham e quando abrem de novo, estão com outra cara mas problemas como filas longas sem explicação e profissionais despreparados permanecem. Além disso os preços não páram de subir. Atualmente gasto cerca R$ 100 por fim de semana.

Além desses problemas, o conceito de cercadinho que vem difundido-se cada vez mais nestes locais limita o espaço físico do freqüentador comum. A preços muitas vezes exorbitantes, é possível permanecer em uma área isolada da boate, onde só é possível ingressar com uma pulseira. Há muitos anos funcionando, a boate Baronetti, na Rua Barão da Torre, em Ipanema, foi uma das primeiras a introduzir esse conceito. Sempre lotada aos fins de semana, a casa é a preferência de muitos jovens da Zona Sul carioca e figura nos principais guias de viagem da cidade. No entanto problemas como brigas entre pit-boys costumam acontecer com certa freqüência.

Diferente da Baronetti, perto da Praça Santos Dumont, o Pátio Lounge, no Jockey Clube, é um dos espaços mais democráticos da atual noite carioca. Com preços mais baixos que a maioria das concorrentes, a boate costuma reunir cerca de mil pessoas aos sábados. O DJ residente da casa, DJ Tucho afirma que mesmo com problemas a noite carioca ainda é muito boa:

- Antes de me tornar DJ de boates sempre fui um freqüentador assíduo da night . A noite carioca ainda tem problemas mas sempre dá para achar algum lugar legal. Eu só gostaria de ouvir mais novidade. O som tem andado muito 'pop' ultimamente.

Correndo por fora, outras boates seguem abertas com seu público cativo sem ligar para noites lotadas. Localizada ao lado da PUC e anexo ao Planetário, a boate 00 prima pela sofisticação: além da pista de dança, a casa abriga também um restaurante de gastronomia fina. Seu maior público costuma ser às sextas-feiras, dia em que DJs de hip hop e percussionistas ocupam o palco em perfeita sintonia, um projeto inovador.

A Princesinha do Mar , Copacabana, também tem suas opções de casas noturnas. Em meio a locais menos tradicionais (leiam-se boates de strip-tease), duas boates permanecem ativas por anos, mesmo sem o prestígio de outras épocas: a Bunker no Posto 6 e a Mariuzzin, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. As opções existem, o importante é ficar antenado, ser seletivo e principalmente se divertir.