Sobrevivente do 'Mamas and Papas' diz que não canta mais
Agência JB
SAN FRANCISCO - A última integrante ainda viva do grupo 'The Mamas and the Papas', Michelle Phillips, diz que seus dias de cantora já terminaram, a não ser que Paul McCartney batesse à sua porta.
O grupo dos anos 1960 que ficou famoso por sucessos como 'Monday, Monday' e 'California Dreamin' separou-se em 1968, em meio a uma confusão nas relações entre seus integrantes -- dois homens e duas mulheres, e, dois anos depois, Michelle Phillips se divorciou do vocalista da banda, John Phillips. O grupo se reuniu brevemente outra vez em 1971.
Cass Elliot morreu após um enfarto em 1974, John Phillips de falência cardíaca em 2001, e a morte de Denny Doherty no início deste ano deixou Michelle Phillips como última sobrevivente original do grupo.
No 40o aniversário do 'verão do amor' em San Francisco e do inesquecível Festival Monterey Pop, de junho de 1967, Phillips, 63 anos, teceu reflexões sobre sua carreira, que incluiu trabalhos de modelo, cantora e atuação em filmes e programas de televisão.
P: Nos últimos anos você tem passado mais tempo trabalhando com cinema e TV do que com música. Por que isso?
R: Por que não? Adoro atuar, e eu na realidade sou cantora de grupo, e não cantora solo. Toda essa parte de minha vida ficou no passado, então fiz alguns workshops de atuação e, quando consegui meu primeiro trabalho nessa área, tomei a decisão de ser atriz profissional.
P: Existe uma coisa da qual você gostava mais que a outra?
R: A coisa mais difícil, que exigiu mais de mim, foi 'The Mamas and the Papas', John era muito, muito duro. Ele exigia um padrão altíssimo, e você não podia sair do estúdio até o som sair como John ouvia em sua cabeça. Isso podia levar 17 horas.
P: Era difícil o fato de sua vida pessoal ser tão pública?
R: Estávamos falando disso recentemente, sobre Lindsay Lohan e todas essas pobres garotas tudo o que elas fazem é noticiado na imprensa. Isso não acontecia conosco. Na verdade, quando fui demitida do grupo primeiro por John e depois por Cass e Denny, ninguém ficou sabendo.
P: É estranho ser a última sobrevivente da banda?
R: É, sim. Parece que todos morreram muito jovens. Ninguém chegou aos 70 anos! John morreu aos 65, Denny, com 66 anos isso foi um grande choque. Cass morreu aos 33.
P: Existe algum segredo que deixa você jovem?
R: Uma vida feliz. Minha vida tem sido muito feliz, e tenho um homem maravilhoso com quem namoro há oito anos, um médico. É uma união bem improvável, uma roqueira e um médico! Hoje em dia não trabalho tanto quanto antes, mas o fato é que existem poucos papéis para mulheres de minha idade, ou em todo caso poucos papéis que eu gostaria de representar.
P: Você defende a legalização da maconha.
R: É uma lei muito estúpida. Todo o mundo fuma maconha. Acho que todo o mundo já experimentou. Eu não fumo mais, mas acho que ela deveria ser legalizada. Quando eu usei LSD era permitido pela lei. Acho que as pessoas deveriam ter o controle sobre seu próprio corpo.
P: A música já ficou no passado para você?
R: Sou cantora de grupo. Não consigo imaginar que eu pudesse encontrar um grupo no qual sentisse vontade de cantar. É, acho que ficou, sim. Não tenho nenhum desejo de voltar ao estúdio e, com certeza, não tenho desejo nenhum de voltar para a estrada.
P: Se Paul McCartney a chamasse, ou alguém de uma certa estatura, você se sentiria tentada?
R: Sim, eu cantaria com Paul. Diga a Paul que com ele eu canto, sim.
