Realeza do samba no palco

Monarco recebe Alcione e Zeca Pagodinho amanhã no Teatro Bradesco

Por Affonso Nunes

O produtor e diretor musical Mauro Diniz (D) surpreendeu Monarco ao levar Zeca Pagodinho para gravar o CD

Com o auxílio luxuoso de dois representantes da nata do samba, o compositor e cantor Monarco sobe amanhã, às 22h, ao palco do Teatro Bradesco Rio com o show “Monarco convida Alcione e Zeca Pagodinho” que mescla canções do rol de preferidas do artista e composições de seu mais recente trabalho, o CD “Monarco de todos os tempos” (Biscoito Fino). Alcione e Zeca também participaram da gravação do álbum, que tem a produção de Mauro Diniz, filho do compositor.

“A presença dos dois no CD foi um presente maravilhoso do Mauro”, conta Monarco. De acordo com o bamba, Zeca se ofereceu para participar tão logo soube do projeto. “Ô Mauro, teu pai vai gravar e vocês não me chamam”, reclamou. No que o produtor respondeu que não queria incomodar o cantor cuja agenda é concorrida.

No show, Monarco e Zeca vão cantar “Coração em desalinho”, Seu Bernardo Sapateiro” (em parcerias com Alcino Corrêa) e “De Paulo da Portela a Paulinho da Viola” (Monarco). “O Zeca adora ‘Seu Bernardo Sapateiro’. Havia feito menção de gravar antes. Quando soube que estava no repertório do CD, foi avisando ‘Eu quero essa aí’. É um partido alto com o jeitão dele”, explica Monarco, hoje com 85 anos.

Com Alcione, o sambista vai interpretar “Uma canção pra São Luis”, samba composto durante uma viagem ao Maranhão que, por motivos óbvios, caiu nas graças da Marrom, “O sol nascerá (Cartola e Elton Medeiros) e “Velhas companheiras”. “Este samba fala da amizade da minha escola, a Portela, com a Mangueira”, conta.

Passeando pelo repertório de favoritas de Monarco, estarão no show clássicos como “Flor e espinho” (Nelson Cavaquinho), “Meu drama” (Silas de Oliveira e Joaquim Ilarindo), “Com que roupa” (Noel Rosa) e “Sem compromisso” (Geraldo Pereira e Nelson Trigueira). “Geraldo Pereira não é um medalhão da música, mas é o meu ídolo”, diz Monarco, que compôs seu primeiro samba aos 12 anos, quatro anos antes de se mudar de Nova Iguaçu para Oswaldo Cruz e se aninhar sob as asas da águia azul e branca.

Os arranjos originais do disco foram mantidos na íntegra por Mauro Diniz, que faz a direção musical. “O Mauro sabe para onde eu vou, conhece os caminhos, descobre o acorde certo, é mais que um parceiro”, comenta o compositor, que pretende levar o show a outras cidades "assim que o carnaval passar".