O jeans supera as crises

Apesar dos obstáculos de 2018, a Levi's teve seu melhor ano

Por IESA RODRIGUES

Cintura alta, corte mais reto nas pernas, tom claro, exemplo de modelo clássico feminino renovado

O ano passado, 2018, foi um ano complicado. Impeachment, eleições, greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo, alta do dólar foram fatores que ocuparam, preocuparam e atrapalharam as finanças brasileiras. Sem falar na moda, um varejo distante da primeira necessidade.

Uma marca de jeans mostra ser possível superar estes obstáculos. Entre as boas estratégias para enfrentar crises como as de 2018: contar com líderes competentes.

Modelo Apple

A paixão e visão futurista do português Rui Araujo Silva devem ter sido importantes para um sucesso surpreendente: como managing director, em três anos levou a Levi's a crescer 38% em 2018! O maior crescimento comparativo do mundo e neste período, o melhor ano da história da marca americana que está no Brasil desde 1972.

"O mercado brasileiro é tradicional, mas a juventude já aposta nas camisetas de logo, nas calças de estilo mais progressivo. A 501 original continua o ícone, no tecido mais pesado. Uma curiosidade: 501 é o segundo número mais conhecido no mundo. O primeiro: 007! Mas o que agrada aqui é a 511, mais slim, para os homens. E a 711 no feminino. São calças mais próximas das tendências, um sinal de evolução em relação à 505, mais clássica, que era a que mais vendia", contou Rui, em entrevista antes do desfile de lançamento das novidades. À noite, o managing director se transformou em apresentador no melhor estilo Steve Jobs (líder da Apple, famoso pelas apresentações), ao mesmo tempo motivando as equipes de vendas presentes na plateia e reforçando as novas linhas para 2019. Celebrou os 38% de crescimento de faturamento, o aumento de 60% de compras no e-commerce e o objetivo de liderar uma marca de conceito Premium, mas dando acesso a todas as pessoas. "Os preços são a partir de R$ 99, nos outlets. Vamos investir em mais lojas no Nordeste e Norte, além de lançar a linha infantil e as coleções-cápsula". Depois da apresentação, interrompida por palmas das equipes reunidas na salas do Villagio JK, em São Paulo, o desfile mostrou as opções de looks com as novidades, ao som eletrônico dos componentes da banda Beat Makers. e com a atmosfera de gelo seco, típica dos grandes shows de passarela.

Cápsulas irresistíveis

Quem resiste a uma camiseta com um personagem amado? A turma do Charlie Brown, liderada pelo Snoopy, estará nas lojas no primeiro semestre. Hello Kitty, a gatinha japonesa, também enfeitará os blusões de moleton. Nerds devem se preparar para fazer fila e disputar uma das peças de duas coleções Levi's do segundo semestre: as belas camisetas dos figurinos da série Stranger Things e a série de Star Wars. No lado internacional, continuam as collabs com Justin Timberlake. Os jeans da Levis aparecem nos desfiles do Junia Watanabe, designer inovador que trabalha na Comme des Garçons, do Demna Gvasalia da Vetements, marca super cool, e da Louis Vuitton, assinada por Virgil Abloh.

Os projetos de 2019 incluem o relançamento da linha Engineered, que fará 20 anos em abril. É a segunda marca mais vendida na Europa e volta com shape mais justo. A intenção no Brasil reúne ter o estilo europeu como referência, com os preços americanos.

Futurista e sustentável

A indústria da moda polui muito, graças aos métodos de tingimento e lavagem. A busca de salvar o meio ambiente tem espaço na Levis, que atualmente segue o design criado no estúdio em São Francisco, na California, com parte da produção no Brasil. O consumo de água foi reduzido graças ao projeto FLX (Future Led Execution), que reproduz os efeitos de tonalidades do índigo, as marcas e até os rasgadinhos (que continuam em moda) através de um processo com LED. Uma parceria com o Google resultou na jaqueta inteligente, com fibras óticas na trama, botão que atua como pendrive ou celular.

O marketing pensado para atrair o consumo jovem levou a marca a patrocinar festivais como Coachella e patrocinar o estádio de futebol americano de Santa Fé. No Brasil, o marketing liderado por Marina Kadooka costuma montar eventos com shows como a Casa Levi's, no Rio de Janeiro.

Quanto às lojas, a única vitrine brasileira de rua fica em Ipanema, as demais 81 se distribuem pelos shoppings. No mundo, inaugurada em novembro no Times Square, em Nova York ocupa 1.800m2, aberta de oito da manhã até uma da madrugada, com 160 funcionários que falam 15 idiomas.

A Nike ocupa o posto de maior marca de confecções do mundo, o espanhol Inditex (Zara, Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe) lidera como grupo de moda. Segundo Rui Silva, nesta competição, a Levi's, que foi a maior nos anos 1990, agora prefere os planos de em cinco anos globalmente conquistar o consumo chinês, e segurar o conceito Premium, com acesso a todas as pessoas, tanto nos preços como nos tamanhos, já que nas coleções online há calcas até o manequim 60.