Drago também brilha: confira crítica do filme "Creed 2"
Revelado em Sundance, há três anos, com o drama juvenil “The Land”, Steven Caple Jr. tomou pra si a direção de “Creed 2” na esteira da consagração autoral de Ryan Coogler, realizador do filme anterior, com “Pantera Negra” (2017). O sucesso de Coogler fez com que este optasse por ser só produtor executivo, deixando o outro cineasta pilotar a saga de Adonis Creed no auge do êxito de seu intérprete, Michael B. Jordan, e da reciclagem midiática da imagem de Stallone. Nem John G. Avildsen (1935-2017), artesão por trás do primeiro e do quinto filme da franquia Balboa, foi capaz de dar tanto relevo emocional aos adversários dos heróis pugilistas como Caple Jr. faz aqui, a partir do roteiro de Juel Taylor e do próprio Stallone, com o apoio de Dolph Lundgren. O sueco dá à figura derrotada de Ivan Drago uma dimensão de Prometeu acorrentado a um passado falido, tão doída quanto a imagem envelhecida e enlutada de Stallone para o Garanhão Italiano.
Na trama, Drago regressa de um buraco ucraniano, 32 anos após ter matado Apollo Creed, o Doutrinador (Carl Weathers), para desafiar o herdeiro deste, Adonis (Jordan, sempre preciso). Os punhos que hão de bater de Adonis não serão os de Drago e sim de seu filho, Viktor, vivido por Florian Munteanu, que transmite uma angústia que nenhum rival de Rocky teve. O auge da fúria vem quando uma velha conhecida da série, Ludmilla (Brigitte Nielsen, a ex de Sly), a mãe de Viktor, reaparece: seu desdém dói mais que qualquer nocaute, num filme que coroa o desejo de Lundgren de envelhecer como um ator respeitável. E assim como Brigitte traz potência do feminino para um universo de virilidade e emasculamento, Tessa Thompson (Bianca, a mulher de Adonis) e Phylicia Rashad, a viúva de Apollo, têm espaço em cena para escavarem complexidade para suas personagens. (R.F.)
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COTAÇÃO
* * * * (MUITO BOM)
