Kobra e sua galeria em NY

Grafiteiro que teve mural apagado em São Paulo planeja 30 trabalhos na cidade americana

Por Affonso Nunes

"Madre Teresa" (Esquina da 18th Street com 10th Avenue, Chelsea)

Autor do painel Etnias, uma das maiores atrações da Zona Portuária do Rio, o grafiteiro brasileiro Kobra acaba de concluir mais um trabalho de arte urbana. Em parceria com a americana Magda Love, ele finalizou um mural com cerca de 1850 m² na lateral na escola secundária City-As-School, de Nova York que teve entre seus alunos ao artista Jean-Michael Basquiat, localizada na esquina entre as ruas Clarkson e Hudson, no West Village. “O Basquiat, obviamente, é uma das referências da arte de rua”, explica Kobra.

Apontado como o maior grafite da cidade, a obra “Ellis Island” aborda o tema da imigração: mostra retratos de cinco imigrantes reais que chegaram aos Estados Unidos há cerca de 100 anos e passaram pela Ilha Ellis, o principal ponto de entrada de estrangeiros que foram para a chamada terra das oportunidades entre o fim do século 19 e o início do século 20. Este painel é o maior de toda a série “Cores pela liberdade” e levou dois anos e meio para ser concluído. Durante os trabalhos, a dupla de artistas recebeu a colaboração dos alunos da City-As-School.

Diferente do que acontece no Brasil – o artista teve um mural apagado recentemente em São Paulo -, Nova York tem sido um local de motivação e inspiração para Kobra. A cidade pode ser considerada uma galeria a céu aberto para este paulistano de 43 anos. Seu objetivo é concluir 30 painéis na cidade e a abordagem é a temática da paz mundial. Antes de “Ellis Island”, os trabalhos anteriores foram Madre Teresa de Calcutá e Mahatma Gandhi frente a frente, a Estátua da Liberdade com um sombrero e a recriação de uma fotografia de um bombeiro ajoelhado de 11 de setembro, o mesmo painel apagado em sua cidade natal.

Os trabalhos do artista estão concentrados nos bairros de Chelsea, SoHo e Upper East Side.