Brasil em dose dupla na Berlinale 2019

Festival exibirá, na seção Panorama, documentário sobre a capital pernambucana do jeans e drama com Marco Nanini

Por RODRIGO FONSECA

Marco Nanini vive um enfermeiro gay em "Greta", dirigido por Armando Praça, que faz a sua estreia em longa-metragens

Cantinho cativo do Brasil no cenário das grandes mostras internacionais de cinema, a seção Panorama do Festival de Berlim, na qual se concorre a prêmios de júri popular, confirmou uma vez mais seu apreço por nossa produção audiovisual ao escalar duas produções nacionais para a sua 69ª edição, agendada de 7 a 17 de fevereiro: o documentário “Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, de Marcelo Gomes, e a ficção “Greta”, de Armando Praça.

Após três anos de sua passagem pela seleção oficial com “Joaquim”, Gomes regressa à capital da Alemanha com um retrato do cotidiano da capital do jeans, a cidade de Toritama, dona de um notável parque industrial têxtil, às vésperas da folia. Já o filme de Praça traz Marco Nanini no elenco, como um enfermeiro gay às voltas com uma vizinha trans.

Sob a curadoria de Paz Lázaro, o Panorama berlinense vai receber o filme de estreia na direção do ator duas vezes indicado ao Oscar Jonah Hill (de “Superbad”): “Mid90s”, sobre as agruras familiares de um adolescente americano dos anos 1990, ligado a um grupo de skatistas. Ainda dos EUA, Lav trouxe “Skin”, de Guy Nattiv, com Jamie Bell (o eterno Billy Elliot), sobre um líder neonazista que quer deixar seu passado com a extrema direita para trás.

Vai ter ainda um .doc sobre uma das maiores críticas de cinema da História: “What she said: The art of Pauline Kael”, de Rob Garve, com depoimentos de Quentin Tarantino, Paul Scharder e Alec Baldwin. O pacote de atrações traz ainda a aclamada atriz Tilda Swinton contracenando com sua filha, Honor Swinton-Byrne, em “The souvenir”, de Joanna Hogg, sobre uma estudante de cinema que se envolve com um homem mais velho.

Vai ter Argentina no Panorama da Berlinale com “Los miembros de la família”, de Mateo Bendesky , sobre os segredos de um par de gêmeos. Já a Colômbia bate ponto no festival com “Monos”, de Alejandro Landes, sobre um grupo paramilitar às voltas com a morte de uma vaca. Da Guatemala chega “Temblores”, do premiado Jayro Bustamante (“Ixcanul”), sobre o tumulto provocado em um vilarejo com a revelação de que o padre da paróquia local é gay.

Além de divulgar os primeiros destaques do Panorama (uma nova leva será anunciada até 20 de janeiro), a Berlinale anunciou um tributo a uma das atrizes mais aclamadas da Europa na atualidade. Atualmente envolvida com os sets de “Benedetta”, de Paul Verhoeven, a inglesa Charlotte Rampling vai receber o Urso de Ouro Honorário no 69ºFestival de Berlim (7 a 17 de fevereiro) em tributo a seu histórico de cinco décadas de dedicação ao cinema. O evento projetará uma série de filmes de que ela participou, como “Os deuses caídos” (1969), de Luchino Visconti, e “O veredicto” (1982), de Sidney Lumet.

Charlotte ganhou o Urso de Prata em solo alemão em 2015, por sua atuação em “45 anos”. A Berlinale será inaugurada com a exibição (em concurso) do drama “The kindness of strangers”, da dinamarquesa Lone Scherfig, sobre uma ciranda de paixões em Nova York, num inverno rigoroso. A estrela francesa Juliette Binoche vai ser a presidenta do júri da competição oficial.