O artista e o homem, juntos: confira crítica de 'Henfil'

Por Frank Carbone*

Henfil e sua mãe, Angela Zoé, uma trajetória de amor

Mesmo quando lida com seu criativo dispositivo pensado para o longa-metragem que mapeia a vida e a importância de um dos maiores cartunista que o país já teve, Angela Zoé não tenta esconder que por trás de sua intenção permeia o mais puro afeto pelo biografado. E Henfil merecia mesmo cada demonstração de tal sentimento que a cineasta capturou. Tão provocador quanto sedutor, Henfil é pintado com as tintas da generosidade nesse filme que transpira sua obra e personalidade. Disposta a espelhar o legado que esse artista tão singular deixou, Angela criou um “reality show” particular, que tenta literalmente reproduzir sua obra genial.

Dotado de depoimentos ora divertidissimos, ora comoventes pela sua própria leveza, “Henfil” é uma espécie de presente para as gerações de hoje, que não tiveram contato com o homem por trás do artista, que partiu há 30 anos. Família e amigos não produzem um simples documentário tradicional, mas um inventário do calor humano que dele irradiava; seus companheiros de arte tentam imaginar o mundo através dos olhos dele, e assim perpetuá-lo.

Aos poucos, a linguagem de Henfil renasce na tela e vaza para a plateia, transformando cada espectador em testemunha de um trabalho tão potente que ainda é referência e reverbera nos artistas de hoje, e o filme assim preenche o mosaico de um homem fascinante com o que de melhor poderia elencar: seu espírito e sua arte.

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HENFIL: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom