Pegue, pague e curta

Curto Café faz muito sucesso no coração do Centro do Rio e aposta na honestidade dos clientes

Por Mônica Loureiro

Curto Café recebe uma média de quatro mil pessoas por dia. É o próprio cliente que usa as máquinas de cartão ou deixa dinheiro nos baldes para pagar o que consumiu

Quem chega à sobreloja do Terminal Menezes Cortes, no Centro, pela primeira vez e encontra os corredores cheios de pessoas consumindo produtos os mais variados - café, doces, queijos, sanduíches, pães, pizzas e bebidas -, não entende muito bem do que se trata. “Adoro quando chega uma pessoa que não sabe o que é: feira, mercado, delicatessen...”, diz Gabriel Faria Magalhães, o jovem proprietário do Curto Café, de 28 anos.

Sucesso absoluto, o local investe em produtos de fabricação própria ou fornecedores artesanais. “Quase todos os produtos são nossos, como chás, cervejas, sucos, doces. Os pães, por exemplo, fazemos aqui - são, em média, 500 unidades por dia. Os queijos Canastra são feitos na forma que mandamos para o produtor”, explica Gabriel. “Nosso café vem do Alto do Caparaó (MG) e nós fazemos a torra. Tem em grãos, em pó e em cápsulas para máquinas de expresso”, destaca Laudelino Amaral de Oliveira Lima, que tinha uma cafeteria recém-aberta na Rua do Ouvidor quando foi convidado a integrar a equipe do Curto. “Vim para cá para ajudar a implementar delivery e tecnologia”, diz ele, que pode ser visto por todos os cantos orientando amavelmente os clientes sobre os produtos e os ensinando a usar as máquinas de expresso. “Em seis meses, já emagreci onze quilos”, comenta sobre o vaivém diário.

Porém, a maior aposta do Curto Café é na honestidade do público, um aspecto que pode confundir desavisados: há dezenas de máquinas de cartão de crédito espalhadas pelas mesas e bancadas, além de baldes com dinheiro. É o próprio cliente quem passa seu cartão ou deixa o valor em dinheiro relativo ao que consumiu e comprou. Pode-se pagar os valores sugeridos - tudo tem preços ótimos, aliás - ou o quanto quiser a mais.

Gabriel conta que a ideia do negócio surgiu de uma sociedade com seu tio, Sérgio, que trabalhava com chocolate e café. “Foi ele quem criou o nome, que pode ser interpretado como encurtar distâncias, curtir o ambiente ou a medida do café, curto”, conta o empreendedor, que, em breve, atravessará o Atlântico para abrir uma filial no Porto.

Mas o caminho para chegar ao que hoje ocupa as duas pontas do corredor e algumas lojas foi longo. “Em 2012, comecei a procurar lugar para uma cafeteria no Rio. Primeiro, tentamos numa loja do primeiro andar. Esperamos nove meses, mas nada aconteceu. Passamos a atuar em um restaurante, quando, no lugar de fixar um preço, perguntávamos aos clientes quanto queriam pagar pelo expresso”, conta. Depois, Gabriel fixou-se em um espaço de 4m² no andar térreo, servindo exclusivamente expresso e capuccino. “Com um ano, o aluguel aumentou e o condomínio sugeriu o canto do corredor da sobreloja, que não tinha luz nem água. Fizemos a reforma e nos instalamos”, lembra sobre o início, há oito anos.

O Curto Café recebe uma média de quatro mil pessoas por dia, de segunda a sexta. Gabriel destaca que as trufas ao leite e a cerveja hop lager são os campeões de venda. As pizzas (a R$ 15, tamanho único, e R$ 5, o pedaço), que saem às centenas da última loja do corredor, são disputadíssimas tanto quanto os pães - R$ 10 qualquer tipo (passas com nozes e integral são algumas opções). “Nosso recorde é de 1030 pizzas em um dia”, informa. Além dos “campeões de venda”, o Curto Café frequentemente apresenta novidades, como waffles e cremes gelados de chocolate Callebaut. 

Outro “setor” que chama a atenção no Curto Café é o balcão de drinques, bem procurado nos fins de tarde. O barista Pedro Foster, de 26 anos, conta que, além de caipirinha e gim tônica (R$ 10 ), há sempre um especial da semana, um mojito ou negroni (R$ 14). “Às sextas saem, em média, 300 drinques. A graça é essa, a de mostrar que nada precisa ser tão caro”, diz Pedro, que é físico e fornecedor de produtos, como refrigerante de gengibre e limoncello. “Para o Carnaval, vou fazer uma catuaba, mas bacana!”, avisa.

CURTO CAFÉ - Terminal Menezes Côrtes (R. São José, 35/Slj LQ47 - Centro; Tel.: 98176-2582). Seg. a qui., das 8h às 21h. Sex., das 8h às 22h