O artista de volta ao lar

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Zeca Paraná esculpiu, em bronze, o busto de Eliseu Visconti, que aparece na foto acima pintando A influência das artes sobre a civilização, pano de fundo que volta hoje a ser exibido no Theatro Municipal, como na imagem abaixo

Depois de 42 anos, o Theatro Municipal volta amanhã, a partir das 18h, a exibir a imagem em bronze do principal pintor de sua ornamentação. Modelado pelo escultor Zaco Paraná (1864-1961), o busto de Eliseu Visconti (1866-1944) foi doado em 1951 por sua viúva, a também artista Louise Visconti (1882-1954).

João Carlos Vital (1900-1984), prefeito do então Distrito Federal, comprometeu-se a manter no Municipal o busto de Visconti, que foi inaugurado em março de 1952, no Museu dos Teatros, localizado no Salão Assyrius. Em 1976, entretanto, o museu foi transferido, com seu acervo, para Botafogo, onde funcionou até 2011, quando foi desativado. Cinco anos antes, porém, sofreu um assalto que custou diversas obras e pôs em alerta os interessados pelas que permaneceram.

Tobias Visconti, neto do pintor e que, três anos antes, havia criado o Projeto Eliseu Visconti, com o objetivo de preservar e divulgar a obra do pintor, conseguiu, já em 2006, a volta do busto do avô ao Municipal, onde ele não pôde voltar a ser exposto, entretanto, por questões de preservação do patrimônio cultural.

“Mostramos a carta do prefeito da época [Vital] se comprometendo a manter o busto no Municipal e o trouxemos de volta, mas ele não pôde ser exposto porque já não tinha mais um pedestal que fosse compatível com os das outras estátuas do teatro”, conta.

O busto ficou guardado esses 12 anos no Centro de Documentação do Theatro Municipal e o trabalho para readequar a obra ao espaço foi feito pela Associação Cultural Eliseu Visconti – que, desde 2008, representa o projeto sobre o pintor, nascido na Itália e emigrado ainda na infância, com a família, ao Brasil, onde se tornaria um dos principais expoentes do impressionismo.

“Conseguimos um trabalho com uma marmoraria que fez o pedestal com todas as especificações exigidas, tentando combinar com os mármores da parede onde ele ficará encostado”, explica Tobias Visconti.

Em acordo com a direção do Municipal, porém, o busto do artista não volta ao foyer, onde ficava originalmente, mas um piso acima. “Por uma questão de espaço, de circulação, concordamos em deixar em outro local, subindo a escadaria principal, em frente ao balcão nobre”, explica Tobias.

Em outra homenagem a Eliseu Visconti, o Municipal também voltará a descer amanhã o pano de boca feito pelo pintor para sua inauguração, em 1908, como a maior já pintada no país. Com 12 por 16 metros, ele não é exposto há dois anos, devido ao impacto que tem cada vez que bate no chão, ao ser baixado. “Pode soltar algum fragmento de pintura. Então, quanto menos baixar, mais preservado fica”, aponta o neto do pintor. “Mas vamos negociar com o [Fernando] Bicudo [diretor do Theatro Municipal] para que, ao menos nas estreias, ele seja baixado”, afirma.