Técnico mais velho da Copa, Óscar Tabárez revolucionou seleção uruguaia
Óscar Washington Tabárez tinha apenas três anos de idade quando o Uruguai ganhou seu último título mundial, em 1950. O “Maracanazo”, um dos maiores fantasmas da história do futebol brasileiro, também teve impacto negativo no futebol uruguaio, por incrível que pareça. Mais do que isso: foi uma maldição. É o que pensa o técnico que resgatou a importância da seleção uruguaia no cenário mundial.
“Maldição, sim, porque a longo prazo se utilizou aquele título para passar uma mensagem negativa. Fizeram-nos acreditar que nunca mais seríamos protagonistas, que aquilo era inalcançável e que havíamos ganhado porque éramos mais homens. Os campeões eram só aqueles”, declarou Tabárez ao argentino “Olé” em 2011, meses antes de conquistar – na Argentina – a Copa América, seu primeiro e único título como treinador do Uruguai.
A quantidade de troféus, no entanto, pouco tem a ver com o trabalho do técnico mais velho (71) e mais longevo (12 anos e quatro meses) da Copa do Mundo de 2018. Em 2010, ele levou a seleção ao quarto lugar na África do Sul, posição que não era alcançada desde 1970. E que pode ser repetida na Rússia, desde que passe hoje pela França, às 11h. Cavani treinou separado do grupo e tem remotas chances de entrar em campo hoje.
Apesar do Uruguai ainda ser muito associado à “garra charrúa” e ao espírito de luta, um dos segredos do sucesso de Tabárez é o esforço para desvincular sua equipe da fama de violenta, que só sabe se impor fisicamente. Em sua primeira passagem pela seleção, no Mundial de 1990, o Uruguai foi chamado de “equipe de senhoritas” pela imprensa local. Vinte e oito anos depois, a filosofia do “maestro” virou unanimidade nacional no país de 3,5 milhões de habitantes.
O apelido, por sinal, é resultado de sua experiência como professor do ensino fundamental em três escolas de Montevidéu, entre 1970 e 1985. Em boa parte da trajetória como maestro (“professor” em espanhol), Tabárez conciliava o trabalho em sala de aula com as atuações como zagueiro em clubes uruguaios. Nos últimos cinco anos como educador, já ensinava também nos gramados.
“Parece estranho que uma pessoa com muleta e 71 anos de idade treine em uma Copa, mas a sabedoria e a experiência dele são o que nos levaram a estar onde estamos”, garante o presidente da Associação Uruguaia de Futebol, Wilmar Valdez. Fisicamente debilitado pela Síndrome de Guillain-Barré, Óscar Tabárez constrói uma seleção cada vez mais forte em campo.
Uruguai: Muslera, Cáceres, Giménez, Godín e Laxalt; Torreira, Nández, Vecino e Bentancur; Stuani (Cavani) e Suárez. França: Lloris, Pavard, Varane, Umtiti e Lucas Hernández; Kanté, Pogba e Tolisso; Mbappé, Giroud e Griezmann. Juiz: Néstor Pitana (Argentina).
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NA FRANÇA, TOLISSO SUBSTITUI MATUIDI
Sem Matuidi, suspenso por dois cartões amarelos, a França deverá ter Tolisso em seu meio-campo. Essa deve ser a única mudança em relação à equipe que venceu a Argentina por 4 a 3, nas oitavas de final. Ciente da qualidade do Uruguai, o técnico Didier Deschamps encheu o adversário de elogios, com destaque para a solidez defensiva. “O Uruguai é diferente da Argentina. Está muito bem organizado na defesa, leva poucos gols e cede poucas chances. No ataque, não é apenas Cavani e Suárez. É preciso atenção nas bolas paradas”, alertou.
