Impedir a arte e a cultura nas favelas é tão violento quanto os projéteis

Por Mônica Francisco *

O fechamento de diversos equipamentos implantados pelas obras do PAC Favelas constitui-se também em uma grave violação de direitos.

É sabido que o direito ao lazer, cultura e educação é constitucional (embora a impressão é a de que isso não quer dizer muito hoje) e, como tais direitos, deve ser garantido pelo Estado.

Quando a única garantia de presença institucional em favelas passa a ser atrelada à presença armada, ostensiva e produtora de iniquidades, é um triste sinal de que as políticas estão extremamente equivocadas e carecem urgentemente de mudanças dramáticas e profundas.

A ausência da arte, da literatura e da possibilidade da intensificação dos processos criativos e do direito à ludicidade é inaceitável- ainda que o estigma de lugar violento e ou da violência esteja tatuado nos espaços populares, de maneira absolutamente injusta. Estes espaços se constituem em férteis celeiros de criatividade. 

Tudo isso, a exemplo do fechamento da Biblioteca Parque em Manguinhos, equipamentos de saúde no Alemão, creches no Borel e em outras tantas favelas, é quase um processo de tortura e violência, tão letais quanto os projéteis que aterrorizam as favelas.

* Colunista, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel