Por trás das câmeras em duas boas séries

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Por TOM LEÃO

Tom Leão

Ver o por trás das câmeras, dependendo do assunto, pode ser algo muito divertido e interessante. E no momento, duas séries disponíveis no streaming nos dão esse vislumbre de formas bem distintas: ‘Irma Vep’ (HBO Max, 8 episódios) e ‘The Offer’ (Paramount+, 8 episódios). Ambas já completadas.

A primeira nos leva aos bastidores, fictícios, de uma minissérie para TV (‘Irma Vep’) baseada num seriado dos tempos do cinema mudo (‘Les Vampires’). No caso, o diretor René Vidal (Vincent Macaigne) está refazendo, um tanto relutante, sob forma de série, o filme que lhe deu fama. Este é a refilmagem de clássico do cinema mudo francês (o que é verdade, bem como os atores dele). Então vemos a vida ‘real’ (o diretor e equipe), a fantasia (as cenas da série) e a ficção (o filme original), o que, às vezes, confunde. Para ‘complicar’, a série é uma versão estendida de filme do diretor francês Olivier Assayas, que também se chama ‘Irma Vep’ (1996), e Assayas dirige a série do HBO, criando uma metaversão disso tudo.

 

 

Estrelado pela sueca Alicia Vikander, ela faz Mira (o nome, em si, é um anagrama de Irma), atriz americana acostumada com blockbusters, que foi fazer a pequena produção europeia para esquecer de seus problemas amorosos. No papel da sexy vilã, Rainha dos Vampiros, Irma Vep (anagrama para ‘vampire’, vampira), ela se transforma totalmente. No geral, a série atual lembra o clássico ‘A noite americana’ (‘La nuit américaine’/’Day for night’, 1973), de François Truffaut. O diretor, René, é um bocado Truffaut (no filme de 1996, foi feito pelo ator-assinatura deste, Jean-Pierre Léaud). Certas cenas remetem diretamente ao filme do diretor francês. E para completar as citações cinéfilas, um dos atores da série, o alemão Gottfried (Lars Erdinger, ótimo), se parece um bocado com o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder, inclusive no vestir.

Embora a série nem sempre alce voos mais altos (Vikander nunca nos convence como a sexy protagonista), fãs de cinema vão gostar de ver esse outro lado, os problemas de ego dos artistas. E, sobretudo, as questões atuais para se produzir algo para TV e cinema, que envolve muito dinheiro, investidores e possíveis sequências para render. É uma boa ‘análise’.

 

 

Já ‘The Offer’ parte de livro escrito por Albert S. Ruddy (feito por Miles Teller), produtor de ‘O Poderoso Chefão’ (‘The Godfather’, 1972), e mostra a pauleira que foi vender, produzir e lançar o grande clássico dos filmes de máfia (que inspirou de ‘Os bons companheiros’, do Scorsese, à série de TV ‘Os Sopranos’, da HBO). Se a gente não soubesse que, no fim, tudo deu certo e o filme foi superpremiado, não acreditaríamos como eles conseguiram. Afinal, na época, Francis Ford Coppola (diretor) era um nome vindo do cinema B e sem cacife; Al Pacino (Michael Corleone) era um ator ainda desconhecido; e Marlon Brando (Don Vito Corleone) já era uma figura polêmica e complicada, com o qual ninguém queria trabalhar. Some-se a isso, as ameaças que sofreram da máfia americana (que achava que o filme ia sujar o nome dos italianos, por isso, a palavra ‘máfia’ nunca é dita no filme). Até mesmo Frank Sinatra, que achou que um cantor, no best-seller de Mario Puzo (que inspirou o filme), era baseado nele (e era), também o boicotou.

Para completar, o então chefe de estúdio da Paramount, Robert Evans (feito brilhantemente pelo inglês Matthew Goode), vivia brigando com os controladores do estúdio, na época, a Gulf + Western, que não entendia nada de cinema, só de petróleo, e a toda hora ameaçava acabar com o filme. Depois de tanto estresse (que envolveu até assassinatos!), o filme fez história, e ainda houve uma continuação imediata, tão premiada e cultuada quanto o original. E a Paramount voltou ao topo da lista dos grandes de Hollywood. ‘The Offer’ é uma produção de primeira classe e merece todos os prêmios a que for indicada. A gente não sabia da missa nem a metade, como se diz...

 

STREAMINGS+

* Para os fãs das novelas mexicanas: sucessos da Televisa começam a chegar ao catálogo do serviço de streaming gratuito Vix, que agora faz parte do grupo TelevisaUnivision. Nessa primeira leva há ‘Teresa’, ‘Coração Indomável’ e ‘Triunfo do Amor’. Os episódios serão lançados semanalmente. Cada novela tem 26 capítulos.

* A Starzplay anunciou o início da produção de sua primeira série original em alemão ‘Night in Paradise’, em Berlim. A série de seis partes, baseada na graphic novel de Frank Schmolke, será filmada entre julho e outubro deste ano em Berlim e Bruxelas (Bélgica), e estará disponível em toda a Europa e América Latina em 2023.

* O Star+ anuncia a data de estreia de “Mike: Além de Tyson”, uma biografia não autorizada, e sem restrições, da vida de Mike Tyson. Composta por 8 episódios, a nova minissérie original estreará exclusivamente na plataforma de streaming na América Latina com seus dois primeiros episódios na quinta-feira 25 de agosto. Após a estreia, novos episódios serão lançados semanalmente.

* Apple TV+ anunciou “Causeway”, filme inédito estrelado e produzido por Jennifer Lawrence. É um retrato íntimo de uma militar lutando para ajustar sua vida após voltar para casa em Nova Orleans. O longa-metragem terá sua estreia no Apple TV+ ainda este ano.

* Distribuidora global e serviço de streaming com curadoria, a MUBI anunciou a data de lançamento de ‘Babysitter’, adaptação de Monia Chokri para a peça homônima de Catharine Léger. O filme chega com exclusividade à plataforma no dia 19 de agosto.

* A The Walt Disney Company Asia Pacific e a HYBE anunciaram um acordo de colaboração para distribuição mundial. Sob este acordo, ambas as empresas trabalharão juntas para lançar conteúdo de música e entretenimento sul-coreana para o mundo.

* O longa animado ‘Lightyear’ chegará ao Disney+ no dia 3 de agosto.

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