Batalha JEDI

Por ANDRÉ MICELI

Nas últimas semanas, vimos uma reviravolta no jogo político e tecnológico dos EUA: chegou ao fim a concorrência para o JEDI – sigla, em inglês, para Empresa de Infraestrutura Conjunta de Defesa, serviço de armazenamento de dados em nuvem voltado para o exército do país. A grande vencedora foi a Microsoft, contrariando as expectativas para a vitória da Amazon, uma referência desse setor.

Desde que foi anunciado, o projeto de modernização do Pentágono esteve envolvido em discussões sobre segurança da informação. Afinal, o sistema em nuvem busca reunir, em uma única infraestrutura, dados que estavam em diferentes servidores militares americanos.

O principal objetivo é facilitar o acesso a partir de localizações remotas ou campos de batalha ao redor do mundo. Uma organização privada teria, então, acesso a informações públicas sensíveis - colocando em jogo a segurança de milhões de cidadãos. Portanto, era necessário que a excelência de mercado garantisse que um sistema para um dos maiores exércitos do mundo não tivesse brechas.

Isso atraiu a atenção de big techs como Google, IBM, Oracle e da própria Amazon, que se tornou uma das favoritas do mercado à vitória. Esse cenário preocupou o atual presidente Donald Trump, já que Jeff Bezos - dono da companhia - é um de seus principais opositores. Já em agosto, Trump se pronunciou sobre um possível favoritismo e ameaçou intervir no processo, além de fazer duras críticas à Amazon em suas redes sociais. A empresa também estaria envolvida com conglomerados russos, o que desagrada o Pentágono.

A inesperada vitória da Microsoft e sua plataforma cloud Azure – que receberá um orçamento de quase 10 bilhões de dólares nos próximos anos – também afetou as bolsas de valores. Suas ações subiram em torno de 3%, enquanto as de sua concorrente caíram 1%. Porta-vozes da Amazon – chamada de “líder do mercado de computação em nuvem”– se declararam surpresos com o resultado, e acreditam que o resultado pode favorecer uma liderança da Microsoft no setor.

É importante lembrar ainda que as forças armadas tiveram, e ainda têm, um papel importante na história da tecnologia – principalmente no desenvolvimento da computação como conhecemos hoje. Agora, nos resta esperar para ver como essa inovação irá, aos poucos, transformar mercado.

Tech.gov

Como a tecnologia pode melhorar a relação dos cidadãos com a gestão pública? Este é um dos principais debates da 5ª Semana de Inovação, que acontece esta semana em Brasília. O evento é organizado pelo Ministério da Economia, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

Com o tema “Governo para as pessoas”, a programação do evento inclui painéis, palestras e outras atividades sobre os desafios do governo na era digital. O objetivo do evento é empoderar os servidores para o uso de ferramentas tecnológicas para a administração pública, otimizando todos os seus processos. Assuntos como experiência do usuário no setor público, transformação digital e inteligência artificial em políticas públicas estarão em pauta.

No primeiro dia de evento, a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia promove um bate-papo com a imprensa sobre os desafios da administração pública, com a participação do secretário Luis Felipe Monteiro, que coordena a transformação digital do governo federal, representantes de países que são referência mundial no assunto, como Siim Sikkut, da Estônia, e Rikke Hougaard Zeberg, da Dinamarca.

A Semana de Inovação também incluirá um Hackathon, que busca criar soluções para problemas enfrentados pela gestão pública, e a apresentação de cases de inovação para a área durante o Momento Holofote. Já no último dia, o historiador e filósofo israelense Yuval Noah Harari – autor de 'Sapiens: Uma breve história da humanidade’ – fará a conferência magistral de encerramento. Mais informações em https://semanadeinovacao.enap.gov.br