Lenny Niemeyer: alta costura ou alto verão?

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Por IESA RODRIGUES

Iesa Rodrigues

Tudo diferente: o encerramento da edição 52 da SPFW foi no Rio, mais precisamente em Niterói. Em vez de um Lino Villaventura ou um Reinaldo Lourenço, nomes que tradicionalmente desfilam em São Paulo, foi Lenny Niemeyer, santista baseada no Rio de Janeiro. E a maior diferença: maiôs e biquínis foram minorias no desfile.

 

O que se viu



 

Longos e capas deram o conceito de cores e volumes (foto Ines Rozario)
Provavelmente para fazer jus ao Caminho Niemeyer, uma bela obra arquitetônica, a maior parte da coleção mostrou construções como capas ou coberturas para conceituar as referências em coleções passadas. A cartela foi demarcada tanto de estampas flamejantes ou marinhas, até lisos em vermelho, verdes, roxo. Pelo lado prático, nestas séries nota-se a volta das pantalonas, proposta coerente com a elegância da Lenny.

 

 

Nas peças para praias e piscinas (ou iates e cachoeiras, como quiserem) predominam as geometrias, como se os biquínis fossem formados por retângulos pretos. Ou há a lembrança da coleção Botânica, com partes flutuantes na frente dos maiôs.

 

 


 

O mais importante é a arquitetura: a maior parte dos modelos é produto de uma habilidade em criar reviravoltas de tecidos, que viram grandes babados enviesados de um lado dos corpos. O efeito é de ateliê de Alta Costura, mais até do que de alto verão.

 

 

 


 

Para as festas de verão, nada como os leotards estampados, com grandes mangas-presunto.
Para todas

 

 

O elenco de modelos seguiu os protocolos da inclusão. Isto é, com beldades brancas, louras, morenas, negras, magras e gordas. Por sinal, estas que vestiram a linha plus size não se diferenciaram das companheiras, desfilaram com aquele mesmo ar neutro obrigatório nos desfiles.

 

O evento

Não vou dizer que foi fácil chegar ao local. Sem o GPS talvez estivesse até agora rodando por Niterói. Mas é um lugar que vale conhecer, com a marca do Oscar Niemeyer, sogro da Lenny, que foi casada com o Dr. Paulo Niemeyer, recém-eleito membro da ABL.

Bonito, mas não foi bem aproveitado para um desfile. Faltou iluminação, a plateia ficou afastada demais das modelos. Em compensação, as qualidades: atraso praticamente zero, começou às 17h15; foi um espetáculo de criatividade e coerência, como se contasse a história dos 30 anos da grife.

No final, ainda com a luz do dia, mais coerência: os convidados se reuniram para uma happy hour ao ar livre. Impossível, um evento acontecer sem festa, se a marca tem a elegância da Lenny, além de mestra na moda, uma das grandes anfitriãs da cidade.