NYFW: coerente e variada

vamos aplaudir a NYFW, que pertence agora ao IMG, integrante do grupo Endeavor, patrocinador de atletas e eventos esportivos que desde 2001 entrou no circuito da moda. E trouxe apoios variados, responsáveis pelas disputadas festas desta semana. Um dos lançamentos foi o carro elétrico iX da BMW

Por IESA RODRIGUES

Iesa Rodrigues

Nas mídias, há quem tenha definido a semana de moda de Nova York como “morna”. Discordo desta definição, porque é preciso coragem para voltar a ter plateias e acreditar em vendas pelo sucesso das novidades. Quem lembra a quantas andava a moda antes da pandemia? Já não era grande coisa, com crises desencadeadas pelas possibilidades de compras online vindas do Oriente e pela rapidez com que as grandes lojas atualizavam as tendências em versões baratas. O Covid piorou tudo, fechando negócios e parando produções e eventos.

Portanto, vamos aplaudir a NYFW, que pertence agora ao IMG, integrante do grupo Endeavor, patrocinador de atletas e eventos esportivos que desde 2001 entrou no circuito da moda. E trouxe apoios variados, responsáveis pelas disputadas festas desta semana. Um dos lançamentos foi o carro elétrico iX da BMW.

Quanto às modas, elas são variadas, aparentemente sem maiores preocupações com sustentabilidade. Há casos como o tie-dye, como uma sugestão de trabalhos artesanais, durante a pandemia. Não aposto nisto, tudo indica que as consumidoras querem ter o prazer de comprar tudo pronto. A Batsheva Haart ganhou muitos comentários por completar suas roupas com meias tie dye. E mais perucas imensas, lembrando a década de 1950, que quase batiam no teto do Serendipity, restaurante amado dos turistas, apesar do mau atendimento.

 

 

 

Seco, minimalista
Depois de um começo trabalhando com a alemã Jil Sander, aberto marca própria nos anos 1980 e de ter saído da direção de criação em 2005, o austríaco Helmut Lang virou a marca famosa pelo estilo minimalista, bem construída, com a alfaiataria em destaque nas propostas para o verão de 2022 no hemisfério norte. Para não dizer que é seco demais, pode haver um panejamento saindo por baixo da veste dos impecáveis ternos femininos. Obviamente pretos, como convém a um espírito minimalista.

 

 


Doce, estampado
Canadense oriundo de Taiwan, Jason Wu sempre traz um ar romântico para seus desfiles. As estampas não chegam a ser tie dye, mas lembram manchas e borrões em forma de flores nos vestidos longos ou curtos. No meio das cores e do romantismo há um inesperado look branco de bermuda com camisa preta. Afinal, vale garantir um acesso maior às consumidoras que ainda não frequentam festas aglomerantes.

 



Coerente, inclusiva
A Rodarte sempre foi a grife diferente das marcas do grupo de luxo americano. Há quem não curta as misturas das irmãs Laura e Kate Mulleavy, que seguem os caminhos californianos de independência na criação. Desta vez elas expressam este desapego das tendências com sobreposições de biquinis sobre vestidos, flores e quadriculados juntos, mais um tom de verde pouco visto na semana. Incluir uma modelo plus no elenco não é inédito, mas fez parte do desfile da Rodarte.

 

 



Glamour e brilhos
Muita seda, cetim, materiais de toque macio e brilho colorido. Nem pensem que fossem roupas de alta costura, para galas e tapetes vermelhos. Claro que Tom Ford, o último a desfilar na noite de domingo, encerrando a NYFW, tinha que mudar o rumo destas matérias. Sedas e cetins apareceram em calças cargo, com tops curtos, muitos cordões dourados nos pescoços. Casacos longos atendem à atual mania destes comprimentos maiores. E para quem gostaria de vestir algo do texano que já criou para Gucci e St. Laurent, temos um agasalho pink com saia justa metalizada. Em se tratando de Tom Ford, é um look discreto...

Viram as diferenças de algumas grifes importantes no universo da moda americana? Além delas, celebraram a própria Nova York, ocupando ícones como o Empire State, o Serendipity, o Rockfeller Center, o Central Park. Moda é isto, invenção, atenção aos tempos e amor pelo que faz e onde vive.