Tendência: ESG

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Por IESA RODRIGUES

Iesa Rodrigues

ESG (Environmental, Social and Corporate Governance): esta é a expressão do momento. Designa o cuidado com o ambiente do ponto de vista social ou ambiental. Mais uma para a lista de palavras e siglas como sustentabilidade, descarte, reciclagem, reuso, upcycle, ressignificar e muitas outras, até meio fora de moda, como a própria expressão “ecologicamente correto”.

A moda é um dos maiores fatores de poluição do planeta. As indústrias lutam para reduzir o consumo de água nas lavagens dos jeans e das químicas de tingimento e curtição dos couros, que sobram para as águas. Há substituições por fibras feitas a partir de garrafas pet, dos tingimentos com folhas e chás, do incentivo ao artesanato.

Grandes estoques parados acabam precisando de recursos extras, como energia e locação de espaços. Várias marcas estão reaproveitando tecidos e peças de outras coleções para esvaziar os estoques.
A moda consciente já anda aplicando os preceitos do ESG, desde acessórios até a própria construção da loja. Seguem alguns bons exemplos:

As aplicações práticas incluem óculos. Os modelos feitos em impressoras 3D da Yoface utilizam Poliamida 12, ou PA12, material que permite aproveitamento de 100% da matéria-prima e pode ser reutilizado em uma nova mistura, evitando o desperdício, sem poluir o meio ambiente. Mais: o processo garante a exclusividade dos óculos, já que é possível criar designs diferentes.

A Piccadilly lançou a linha de tênis So.Si, feita com três e meia garrafas PET em cada par e mais 17% de fio recuperado de sobras da indústria têxtil.

De acordo com Ana Carolina Grings, vice-presidente da Piccadilly, estes modelos estão alinhados aos valores da marca. "Desenvolver uma coleção que oferece design e sustentabilidade é muito gratificante. É a confirmação de que conforto e consciência ambiental podem caminhar lado a lado. A linha So.Si sempre trouxe inovação ao mercado e, ao oferecer um calçado sustentável, marca mais um ponto neste quesito", conta Ana Carolina..

Não só nos produtos vemos o esforço de seguir a nova ordem. O projeto da loja Bagaggio no Madureira Shopping segue o conceito de reaproveitamento. Os móveis são de outras lojas da rede remodeladas, devidamente ressignificados. A iluminação e a fachada são as mesmas da loja antiga. Em 85m2 de área de venda foram evitados demolições e descarte de materiais. A rede de itens de viagem, bolsas e acessórios diversos deve chegar aos 80 anos com mais 20 lojas, até 2025 todas elas estarão neste formato. Outro detalhe importante: mesmo com as restrições de viagens (por causa da pandemia), que poderiam provocar poucas vendas de malas, a Baggagio planeja em 2022 crescer seis vezes no e-commerce e aumentar em 60% o volume de vendas em geral.

Um estudo do Rio Ethical Fashion mostra dados relevantes sobre causas e efeitos do ESG: primeiro, que o consumidor tem pouca informação sobre os impactos ambientais do setor e por isso resiste a pagar um preço mais alto por produtos sustentáveis. Depois, que as marcas que estão se adaptando e inovando tendo como base estes valores mais sustentáveis têm se tornado casos de sucesso. E em terceiro lugar, que, no curto prazo, haverá revisão das relações de trabalho, melhorias nos processos produtivos e início de um sistema de conscientização do consumidor.

Tomara que passado o susto do Covid-19 estas ações continuem atendendo aos preceitos do ESG.

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