Esperança e tecnologia nas coleções de Milão

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Por IESA RODRIGUES

Iesa Rodrigues

Mais do que novidades de vestir, a semana de Milão trouxe uma manifestação de esperança: Pierpaolo Piccioli, diretor criativo da grife Valentino, mostrou a coleção de inverno 2021/2022 no Piccolo Teatro Milano. Ao som de Sinéad O´Connor cantando Nothing compares to you, as peças em preto e branco, nenhuma no famoso vermelho Valentino, homenagearam as vidas perdidas na pandemia. E a abertura do teatro significou uma atitude definida pelo criador como “punk”. “Desfilar no Piccolo Teatro é uma maneira de começar o processo de reabrir lugares de cultura no nosso país. Precisamos da cultura para viver. O Piccolo simboliza os valores da nossa marca, é um lugar de inclusão e liberdade. Este foi um primeiro passo, e mesmo que ainda não abra para o público, espero que dê a ideia de estarmos indo na direção certa”, comentou Pierpaolo.

Matrix e StarWars

Domenico Dolce e Stefano Gabbana se redimiram do fraco desfile masculino realizado em janeiro, com a coleção feminina inspirada em temas como Astronautas, Baseball, rua chinesa e Star Wars. O que deu margem a muitos looks metalizados e a uma relação entre o artesanal e o Instituto Italiano de Tecnologia. Robôs humanóides fizeram parte do elenco. Mas as tradicionais estampas de leopardo continuam em alta na coleção, lembrando os sucessos dos anos 1990 da Dolce Gabbana.

Outro que mudou foi Salvatore Ferragamo, pensando no novo normal. Juntou a herança da marca na inovação técnica com a liberdade ilimitada da ficção científica. O diretor criativo Paul Andrew apresentou uma visão de futuro otimista e esperançosa. Modernizou assim os uniformes básicos do século 21: trabalho, militar, festa e esporte. Os clássicos da ficção científica do cinema - Gattaca - Experiência Genética, Até o Fim do Mundo (do Wim Wenders) e principalmente Matrix são influências desta coleção Futuro Positivo.


Para vestir e se divertir


Philipp Plein divertiu com a série de peças em jeans e metalizados com aplicações de personagens como o Pernalonga e o Piupiu. Mais um detalhe, a apresentação por Snoop Dogg, coerente com a fama do Plein entre rappers e boxeadores. Foi um sacode na semana italiana, segundo Eleonora de Gray, editora do Runway Magazine. “Adorei às lágrimas! Quero as jaquetas com a palavra Marvelous aplicada nas costas!” E Eleonora não é das jornalistas mais deslumbradas…



Nesta semana, quem esperava ver a Philosophy elegante e moderna como sempre, levou um susto ao ver as sugestões do Lorenzo Serafini, a partir da observação de um rabisco (um doodle) em uma tela branca, notas de um caderninho e bilhetes de amor. Como se fosse uma história de colegiais, com o espírito da saga Harry Potter, as roupas das líderes de torcida, os uniformes dos jogadores de baseball e os vestidos do baile de formatura. Divertido, jovem, colorido. De vez em quando é bom variar o estilo de uma marca.

Resort no inverno
Todo o conceito resort, favorito de Emilio Pucci foi reproduzido nesta mostra. Um jeito ensolarado, mesmo sendo pensado para o inverno _ quem sabe, para as felizes viajantes que fogem do frio no fim do ano? _ já que a marca começou em em 1947 nas pistas de esqui da Suíça e a primeira butique em Capri, nos anos 1950. Atualmente não há um diretor de criação, a grife é assinada por um time renovado, anônimo por enquanto.




Brasil!
Depois de participar do show da alta costura da Chanel, em Paris, a brasileira Raynara Negrini foi escalada para desfilar pela Fendi, em Milão. Vinda de Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), 17 anos, a Raynara integra o time da Joy Model, que também lançou a bela Laís Ribeiro na moda internacional.
Para conferir a apresentação Fendi:






E para quem aguarda o veredicto da Prada sobre a moda, dois pontos importantes:mais amplidão nos casacos e vestidos e o impacto do amarelo-esverdeado.