SPFW: 25 anos de criação

O talento dos participantes se mostrou intocado, com identidades próprias mantidas.

Por IESA RODRIGUES

Iesa Rodrigues

A 49ª edição da semana paulistana de moda não acabará tão cedo, porque as coleções ainda estão disponíveis no YouTube. Foi mais um evento remoto, como todos os que se realizaram neste ano, tanto no Brasil como no restante do mundo. Apesar da falta de informação sobre agenda, material fotográfico difícil de ser encontrado no chamado pressroom (ou sala de imprensa, a equipe sempre gostou de palavras em inglês), o talento dos participantes se mostrou intocado, com identidades próprias mantidas.

Manifestações e destaques

Já falamos sobre algumas marcas, como Isabela Capeto, Lenny Niemeyer e Handred. É preciso confirmar a beleza das coleções de Lino Villaventura e a emoção renovada do conceito de Ronaldo Fraga, que repetiu o tema de 20 anos atrás, Quem matou Zuzu Angel. Impossível também ficar insensível à coleção de João Pimenta, que conseguiu transformar este ano de pandemia em figuras cobertas, sem um pedaço de pele aparecendo, com máscaras bordadas, roupas em tons acinzentados, com referências punks nas cabeças. Nome da coleção: O ano em que paramos de respirar. São roupas para vestir? Pode ser, mas antes disto, são manifestações de Arte contemporânea.

Para vestir, nada melhor do que o estiolo da Gloria Coelho. Quase todo em preto e branco, com looks dotados de recortes, assimetrias em faixas, corpetes por fora. Estranho, mas visível em um futuro de uma nova elegância.

Parcerias celebrantes
A Neriage enriqueceu seus trajes coloridos _ o laranja ou amarelo queimado está confirmado! _ com a contribuição da joalheria Luciana e& Yasmim, de Luciana Narciso, Rafaella Caniello e Yasmim Passos. Os mocassins com gáspea de palha de carnaúba, da grife Manolita chamaram a atenção no desfile da Aluf. A direção de criação da Alg é do Fabio Souza, mas o estilo teve a assinatura de Alexandre Herchcovitch. A Santista Jeanswear participou dos fartos modelos da Martins, marca assinada por Tom Martins.

E uma espécie de parceria, mais uma inspiração, que ajudou a reforçar o amplo estilo da Juliana Jabour, foi com times de beisebol americanos. Juliana pensou nas cores e logos do Arizona Diamonbacks, Los Angeles Dodgers, New York Yankees e Pittsburgh Pirates nos grandes casacos, de ombros reforçados, mas deixando à mostra um pedaço de pele na altura da cintura. Na verdade, a parceria era com a marca americana New Era, que fabrica bonés para vários times há cem anos, em Buffalo (NY).

Com portfolio de fotos, vídeos ou conversas, os 25 anos da São Paulo Fashion Week foram comemorados com coerência em relação a estes tempos. Paulo Borges, fundador e líder do evento, tem razão quando define o momento: é tempo de cuidar, acreditar e criar.