O pato e o mico

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Os dirigentes do Palmeiras não vão dizer nada, muito pelo contrário, fingirão até uma certa resistência à liberação, mas na verdade estão loucos para se livrar de Felipe Melo. Desde aquela ridícula expulsão, nos primeiros minutos do jogo, contra o Cerro Portenho, na Libertadores, Luiz Felipe Scolari se convenceu de que não vale a pena mantê-lo no grupo para 2019. Com o alto salário que recebe, a idade que tem e o número de cartões amarelos e vermelhos que coleciona, seu custo-benefício o condena. Por isso mesmo, o Verdão investiu R$ 15, 5 milhões na contratação do jovem volante Matheus Fernandes, do Botafogo. Agora, como quem não quer nada, espera apenas um pato para passar o mico adiante. E, pelo visto, tem otário na nova diretoria do Flamengo disposto a assumir o problemão.

Nunes em livro

No melhor time do Flamengo de todos os tempos, Nunes era um personagem singular. Nem de longe possuía a técnica refinada de praticamente todos os integrantes daquela equipe na qual pontificavam Zico, Leandro e Júnior, seguidos de perto por Tita, Mozer, Adílio, Andrade e Lico. Ainda assim se tornou peça fundamental e decisiva naqueles anos de ouro, consagrando-se como o artilheiro das grandes decisões, balançando as redes nas finais dos Brasileiros de 80 e 82 e no Mundial de 81, além de ter feito vários gols importantes nas conquistas de títulos estaduais, como o de 1981.

Antes e depois do João Danado (esse era um de seus apelidos) usaram a camisa nove rubro-negra centroavantes bem mais habilidosos, como Luisinho Tombo, Luisinho das Arábias, Cláudio Adão e Baltazar. E mesmo recebendo os passes açucarados de Zico nenhum deles conseguiu sequer se aproximar do enorme sucesso feito pelo sergipano. Vá entender.

Nunes só não disputou a Copa de 1978, na Argentina, porque se machucou num dos últimos treinamentos, em Teresópolis. Ainda jogava no Santa Cruz e era o preferido do técnico Cláudio Coutinho, para ser o reserva de Reinaldo, posto que acabou ocupado por Roberto Dinamite, que se tornaria, inclusive, titular após os primeiros jogos em Mar del Plata.

Em 1982, apesar da grande fase no Flamengo, Nunes acabou preterido por Telê, que escolheu Serginho como titular e Careca, como reserva. Quando o último se lesionou, uma vez mais surgiu Roberto, que viajou para a Espanha, mas nem no banco ficou.

A história do artilheiro rubro-negro, de 64 anos, é contada agora no livro de Marcos Eduardo Neves, “Nunes, o artilheiro das grandes decisões”. O lançamento será hoje, a partir das 17 horas, na Gávea.