Comunidade científicarefuta decisão da Aiba de abolir capacete no Boxe Olímpico
Objeto é visto como necessário para evitar concussões
A proteção, que supostamente deveria evitar concussões e outras lesões, deixará de ser usada já nas Olimpíadas do Rio. A medida foi tomada após estudo da Associação Internacional de Boxe (Aiba), em 2014. Segundo o estudo, o uso do capacete aumenta o número de lesões cerebrais nos boxeadores.
“Fizemos um estudo com mais de 30 mil lutas. O número de lesões cerebrais sobe quando o atleta está usando capacete. O problema de não usar a proteção são os cortes no rosto, mas isso é solucionado com uma pomada facial e com punições aos atletas que dão cabeçadas. A maioria dos cortes são de golpes com a cabeça, que são terminantemente proibidos - explicou o médico chefe da entidade, Dr. Charles Butler.
Apesar da pesquisa, médicos especialistas se dizem contra a abolição completa do capacete desde 2015. É o caso do fisioterapeuta vestibular André Luis dos Santos. O profissional, que cuida de transtornos de equilíbrio e concussões cerebrais, as possíveis técnicas mais perigosas usadas quando os oponentes usam a proteção, não justificam o abandono dela.
“A posição da AIBA sobre a retirada do protetor da cabeça (headguards) em lutadores do sexo masculino foi baseada nos resultados de um estudo que não possui apoio da comunidade científica internacional. De acordo com pesquisadores reconhecidos na área de concussão no esporte, houve fragilidade metodológica no estudo da AIBA”, afirma o fisioterapeuta vestibular.
Dr. André acusa ainda a AIBA de afastamento da comunidade científica internacional afim de ampliar o debate sobre concussão e segurança do atleta. Ele indica ainda o estudo canadense “ProhibitingHeadgear for Safety in AmateurBoxing? OpinionoftheCanadianBoxingCommunity: an Online Poll”, que fala sobre a retirada ou não do protetor de cabeça. Nele, foi realizada uma ampla pesquisa através de questionário para uma comunidade relacionada ao esporte que inclui atletas, profissionais da saúde, familiares de atletas e funcionários.
“Os 28 autores criticaram a decisão da AIBA por optar pela retirada do protetor cefálico nas lutas olímpicas, especialmente pelo isolamento em foros científicos internacionais da instituição com respeito à segurança no esporte. Eu concordo com a posição do Consenso de Zurique”, afirma.
Ainda dentro de outros argumentos da AIBA, Dr. André tece comentários sobre:
1) "o formato do capacete que confunde a postura do atleta"; e
2) "a ocorrência do aumento nos ferimentos (cortes) na face e crânio dos atletas pode ser minimizada com pomadas especiais".
Os dois dados podem ser resolvidos de uma única maneira: "- se existe tecnologia para se obter uma super pomada que estanque o sangramento da ferida nos atletas sem capacete, por que não avançar em estudos que melhorem o formato, peso e o material do protetor da cabeça para que os atletas possam melhorar sua performance com mais segurança?"
