Portugal registra caso raríssimo de parto quatro meses após morte da gestante

De acordo com os médicos, o bebê deve ficar sob sério controle pelo menos três semanas

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Há pouco mais de uma semana, a mídia divulgou que em Portugal nasceu um bebê, cuja mãe morreu quatro meses antes.

Segundo informou a chefe da clínica, doutora Ana Campos, "Penso que este caso revela que o serviço nacional de saúde em Portugal conseguiu dar uma resposta com êxito a uma questão pouco comum e em que há poucos casos na literatura internacional".

"O significado deste caso vai exigir uma comunicação em revistas científicas, que será da responsabilidade das equipes envolvidas".

De acordo com declarações que os médicos fizeram logo após o parto desse bebê único, ele deve ficar sob controle médico a sério pelo menos durante três semanas.

A Sputnik conseguiu entrar em contato com a diretora da Maternidade Alfredo da Costa, estabelecimento público de saúde especializado em obstetrícia, que fica em Lisboa. É neste lugar que a criança deve passar um tempo para ganhar um pouco mais de forças.

Até o momento não há muita informação específica sobre a saúde desta pequena pessoa que só conseguiu nascer graças aos médicos. Na mesma declaração, a doutora explicou como foi possível fazer o bebê nascer:

"O êxito deste caso deveu-se a uma rede multidisciplinar em que as equipes de suporte de vida e dos intensivistas tiveram um papel primordial: fornecer o aporte externo de nutrição e hormonal, mantendo todo o suporte básico de manutenção dos órgãos vitais durante a gravidez".

Enquanto a medicina fez o possível para manter a gravidez, várias perguntas continuam persistindo, por exemplo, todo o mundo sabe que a ligação física e psicológica entre mãe e bebê antes do nascimento é muito importante. Os especialistas da Maternidade Alfredo da Costa não deram uma resposta clara a esta pergunta.

A especialista russa de obstetrícia e editora-chefe da revista Rody (Parto em tradução para português) Tatiana Butskaya, também partilhou seu ponto de vista do caso com a Sputnik, dizendo:

"O que acontecerá com o bebê mais tarde? Do ponto de vista da fisiologia – se nasceu e começou respirando, ele é capaz de sobreviver, embora só o tempo mostre a robustez dessa vitalidade. Esta criança será uma ovelha Dolly para os médicos. Eles o examinarão todo o tempo, o apresentarão em congressos, conferências internacionais, há uma nova estrela de TV".

Ana Campos também confirmou este ponto de vista, dizendo à Sputnik:

É importante notar que o caso é claramente único, mas não é singular. Geralmente, crianças em situações parecidas pesam menos (cerca de 1 quilo) e o bebê português tinha de peso mais de 2 quilos.

Na Rússia também foi registrado um caso parecido – em 2000 uma mulher de 22 anos esteve combatendo uma doença que fazia ela ter permanentes hemorragias cerebrais e derrames. Não obstante os sérios problemas de saúde ela, sem retomar consciência, conseguiu dar vida ao filho. 

A médica russa Tatiana Butskaya, comentou à Sputnik:

"A situação é completamente real. Neste momento, os japoneses estão muito perto da introdução de um útero artificial no qual bebês poderão serão criados".

Tudo mostra que o futuro, se não está aqui, está muito perto. Mas a questão mais importante, a que os médicos tentarão ainda responder, continua sem resposta – que tipo de humanos serão estes, melhores que nós ou simplesmente diferentes, serão mais ou menos capazes de sobreviver?