Prática de asa delta e parapente ganha cada vez mais adeptos

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Octávio Azeredo, Jornal do Brasil

RIO - Para 10 em cada 10 pessoas que já praticaram o voo livre, esporte cada vez mais procurado e que não para de crescer no Brasil e no mundo, a sensação de praticá-lo é única, inexplicável. Só experimentando para saber do que se trata .

A asa delta surgiu em 1871 com o alemão Otto Lilienthal, que se dedicava à construção de planadores que ele próprio testava nas proximidades de Berlim. No Brasil, Luis Claudio Mattos é considerado o precursor do esporte, embora Mattos não poderia ter imaginado que, anos depois de importar a prática, o Brasil se tornaria campeão mundial na modalidade por equipe, em 1999, e continuaria sendo um dos lugares com maior nível técnico e de praticantes no mundo.

O parapente, mais antigo que a asa-delta, surgiu do maior sonho do ser humano: voar. A modalidade teve também um dos maiores gênios da história, Leonardo Da Vinci, contribuindo para o seu desenvolvimento.

Se um homem dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo seus poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si , afirmou DaVinci em 1495, se tornando precursor dos projetistas de paraquedas.

Outro incentivo para a prática do voo livre com parapente surgiu do desejo dos alpinistas europeus de descerem, de forma mais rápida, as montanhas que haviam escalado. O esporte chegou ao Brasil em 1985, pelo suíço Jerome Saunier, que fez o primeiro voo da Pedra Bonita, em São Conrado, no Rio. Na época, praticantes da asa delta torceram o nariz para aquele pedaço de pano mole que, apesar de voar, afundava muito mais rápido que as asas. Para eles, parecia que o parapente nunca seria digno de chamar-se voo livre. Entretanto, a tecnologia se encarregou de reverter os preconceitos, disponibilizando equipamentos ideais para a prática de grandes voos.

Atualmente, devido à facilidade de uso, o parapente vai, aos poucos, conquistando um número cada vez maior de adeptos, contando com cerca de 4 mil praticantes no Brasil. Na Europa, onde o esporte é mais desenvolvido, com cerca de 250 mil praticantes.

Mulheres

Quem vem contribuindo cada vez mais para o avanço do esporte são as mulheres, que, segundo o professor de voo livre Renato Janssens, demonstram um interesse muito grande pela prática.

Pratico o voo livre há 15 anos e a nove dou aula conta o carioca. É impressionante como o esporte vem ganhando adeptos na ala feminina. Principalmente o parapente, que por ser um equipamento mais leve, fica mais fácil para elas praticarem.

Renato, que começou a voar aos 18 anos e nunca mais parou, afirma que, para praticar o esporte, seja de parapente ou asa delta, grandes treinamentos físicos não são necessários. Aprender técnicas básicas é o suficiente para decolar.

É um esporte que não exige muito esforço físico explica.

Indagado sobre a sensação de voar, o professor responde:

Essa é uma pergunta muito difícil. É uma mistura de liberdade, com uma sensação de poder muito grande. Você se sente desafiando todas as regras, pois o homem não foi feito para voar, porém foi feito para inventar, e essa criação com certeza foi uma das melhores que o ser humano já fez.

Voo duplo é o primeiro passo para aprender

Exemplo vivo de que a prática do voo livre vem se tornando cada vez mais popular entre as mulheres, a niteroiense Débora Nascimento, de 23 anos, decolou uma vez de parapente, e não vê a hora de voar novamente.

Fui incentivada por um amigo, que conhecia um professor de voo livre conta. Pulei ao lado desse instrutor na rampa da Pedra Bonita, mas agora gostaria de conhecer novos lugares, novos visuais.

Sobre aquele famoso medo que dá nas pessoas que saltam pela primeira vez, a veterinária admite:

Na hora dá um frio na barriga sim, dá medo, não se pode negar. A adrenalina fica lá no alto, só pulando para saber.

Dicas

Antes de começar um curso de asa delta ou parapente, o ideal é primeiro fazer um voo duplo, junto a um instrutor, para conhecer como funcionam os equipamentos e a praticidade de cada uma das categorias.

Para dominar o esporte, é preciso fazer um curso prático e teórico, estudar uma apostila e passar uma prova escrita na Associação de Voo Livre do Rio, além de apresentar a assinatura de liberação do instrutor para obter uma licença de voo.

A parte prática começa ainda no solo, onde iniciam-se treinos de decolagem e pouso, até que o aluno demonstre domínio do equipamento. Em seguida, o aluno poderá decolar de morros baixos, de até 30 metros de altura, até que se sinta preparado para saltar de pontos mais elevados.

O curso geralmente inclui dois voos duplos para que o aluno tenha as primeiras noções de pilotagem, planeio, tráfego aéreo e aproximação de pouso.