Plasma Rico em Plaquetas promete revolucionar a ortopedia mundial
JB Online
RIO DE JANEIRO - Dois dos maiores astros do Pittsburgh Steelers, campeão do mais recente torneio de futebol americano dos Estados Unidos, utilizaram seu próprio sangue em um tratamento inovador para lesões, antes da vitória da equipe no Super Bowl. Pelo menos um arremessador em uma das grandes equipes de beisebol, cerca de 20 jogadores de futebol profissionais e talvez centenas de atletas amadores também recorreram ao procedimento que está revolucionando a ortopedia mundialmente: o PRP- Plasma Rico em Plaquetas.
O maior atrativo, dizem os especialistas, é que a técnica ajuda a regenerar ligamentos e fibras de tendões, o que pode reduzir o período de reabilitação e assim evitar a necessidade de cirurgia.
Os resultados iniciais são bastante promissores em relação aos tratamentos ortopédicos em medicina esportiva. Através de um método simples utiliza-se as plaquetas do próprio paciente (método autólogo) conseguindo melhorar, acelerar e até curar a grande maioria das lesões ortopédicas como, por exemplo, tendinites, lesões musculares, não generação cartilaginosa, meniscal e ligamentares, além de acelerar a consolidação de fraturas.
Os resultados iniciais promissores do método estão assegurando aos especialistas em medicina esportiva e ortopédica que a terapia de plaquetas ricas em plasma, um método de tratamento bastante simples de utilizar, pode resultar em melhorias no tratamento de lesões persistentes como tendinites e problemas de articulação de cotovelos e joelhos que afligem mais de 50% da população ocidental.
O método, desenvolvido por dentistas há oito anos em Barcelona, na Espanha, começou também a ser usado por ortopedistas do mundo inteiro, chegando ao Brasil há quatro anos pelas mãos do médico baiano Roberto Dória. Em seguida, vários ortopedistas começaram a utilizá-lo sendo que no eixo Rio-São Paulo, o ortopedista Carlos Henrique Bittencourt é um de seus maiores entusiastas.
Desde que chegou ao Brasil o PRP já beneficiou as atrizes Cláudia Raia, Glória Menezes e Tarcísio Meira, ngela Vieira, Leandra Leal, Isabella Garcia e bailarinos como Cecília Kerche, além de centenas de atletas. O PRP consiste na injeção de componentes do sangue do paciente diretamente na área lesionada, o que estimula a regeneração local do corpo repara músculos, ossos e outros tecidos. O maior atrativo, dizem os pesquisadores, é que a técnica ajuda a regenerar as lesões ortopédicas, o que pode reduzir o período de reabilitação e assim evitar a necessidade de cirurgia.
Carlos Henrique Bittencourt pesquisa os efeitos do plasma rico em plaquetas há dois anos e já aplicou a técnica em pelo menos 400 pacientes.
- A pesquisa sobre os efeitos do plasma rico em plaquetas se acelerou nos últimos meses. É impressionante a rapidez da recuperação, a regeneração celular. A ortopedia é um campo vasto e fértil pra você usar o PRP porque na verdade ela envolve tecidos e todo o sistema músculo esquelético. Seja numa fratura para que ela consolide mais rápido ou em uma lesão tendinosa em que o fluxo sanguíneo que chega no local é muito pouco, e principalmente nas lesões de cartilagem, os efeitos da aplicação do plasma rico em plaquetas são muito eficazes - diz Bittencourt.
Dr. Allan Mishra, professor assistente de ortopedia no Centro Médico da Universidade Stanford e um dos principais pesquisadores nesse campo, alega que estudos mais rigorosos serão necessários antes que a terapia possa ser declarada comprovada cientificamente. No entanto, muitos pesquisadores imaginam que o procedimento possa se tornar um método de tratamento cada vez mais popular, por motivos tanto médicos quanto financeiros.
- Trata-se de uma opção melhor para problemas que não apresentam soluções grandiosas, é um método não cirúrgico e utiliza as células do próprio corpo para ajudá-lo a se curar - alega Allan Mishra.
Como é produzido
O plasma rico em plaquetas é produzido por meio da punção venosa de uma pequena quantidade de sangue do paciente, que é submetida à filtragem ou processada em uma centrífuga de alta velocidade que separa os glóbulos vermelhos das plaquetas, que são responsáveis por liberar as proteínas e outras partículas envolvidas no processo de cura que o corpo mesmo conduz. Em seguida, a substância remanescente é injetada diretamente na área danificada.
A alta concentração de plaquetas - 10 vezes o volume normalmente presente no sangue - catalisa o crescimento de novas células. Segundo Carlos Henrique Bittencourt, a substância injetada em áreas que o sangue dificilmente percorreria em outras circunstâncias, pode propiciar os instintos curativos das plaquetas sem deflagrar a resposta de coagulação pela qual elas são tipicamente conhecidas.
- Acredito que seja justo dizer que o plasma sanguíneo rico em plaquetas tem o potencial de revolucionar não só a medicina no campo da ortopedia, mas na dermatologia, odontologia, cirurgia plástica e qualquer outra especialidade que necessite de regeneração. Ele requer muito mais estudos, mas levar adiante o trabalho nesse campo se tornou obrigatório no Brasil - diz.
