Furacão Katrina faz dois anos e vira tema de livro de ficção

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REUTERS

LOS ANGELES - Dois anos depois de o furacão Katrina ter destroçado Nova Orleans, um dos mais famosos escritores do sul dos Estados Unidos leva a tempestade para o mundo da ficção. Em 'The Tin Roof Blowndown' (o telhado de zinco no chão), James Lee Burke, 70 anos, convoca seu ex-policial Dave Robicheaux, de Nova Orleans, para salvar a cidade do desastre provocado pelo Katrina. Além de autor de livros de suspense, Burke é um ex-repórter conhecido pelos textos realistas, que deixam escorrer as cores e os odores dos pântanos da Louisiana.

- O homem das boas notícias, o escritor bonzinho, dá voz aos que não possuem voz - afirmou Burke, explicando, em parte, o motivo pelo qual tomou para si a missão de criar um relato ficcional em torno da inescapável realidade do Katrina.

Cerca de 1.500 pessoas morreram ao longo da região da costa norte-americana banhada pelo golfo do México depois de a tempestade ter atingido Nova Orleans, no dia 29 de agosto de 2005, fazendo romper os diques e inundando a cidade do jazz.

- Eu não pretendia escrever sobre isso. Não parecia ser apropriado. Na minha cabeça, essa história talvez fosse grande demais, é isso - disse Burke.

Mas quando a revista Esquire encomendou-lhe uma história sobre o Katrina, ele escreveu, em março de 2006, 'Jesus Out To Sea' (Jesus saiu para o mar) - a história original pode ser encontrada no site https://www.esquire.com/fiction/ESQ0406FICTION_158.

Em um dado momento, o escritor acabou regressando ao ex-policial Robicheaux e seus amigos.

- Pretendi contar a história da melhor forma possível, com os olhos dos personagens que conheço - afirmou.

Há relatos sobre a indignação popular com a omissão dos órgãos oficiais, sobre as milhares de pessoas presas na cidade, sobre os cadáveres boiando nas ruas. Mas o teor de suspense do livro centra-se em alguns poucos personagens que Robicheaux encontra ao investigar um crime com arma de fogo ocorrido durante a passagem do Katrina.

O novo romance também mergulha no lado sombrio da natureza, algo que não surpreende no caso de um escritor acostumado a retratar em sua obra sensações ligadas aos cinco sentidos. Mas Burke, infelizmente, não acredita que a antiga Nova Orleans renascerá algum dia.

- Nova Orleans era uma canção - afirmou. - A antiga Louisiana, para o bem ou para o mal, desapareceu.