Covid-19 pode alterar volume da massa cinzenta no cérebro, de acordo com novo estudo

Pesquisadores dos EUA descobriram que essa diminuição na massa cinzenta estava associada a um nível mais alto de incapacidade entre os pacientes infectados pelo novo coronavírus

Por JORNAL DO BRASIL

Um cientista estudando cérebro humano. Foto de arquivo

Pacientes infectados pelo novo coronavírus que receberam oxigenoterapia e têm febre apresentam um nível reduzido de massa cinzenta na rede frontal-temporal do cérebro, de acordo com um estudo recentemente publicado na revista "Neurobiology of Stress".

A pesquisa, liderada por especialistas da Universidade Estadual da Geórgia e do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, descobriu que um menor volume de massa cinzenta nesta região do cérebro estava associado a um maior nível de deficiência entre pacientes com covid-19, mesmo seis meses após terem recebido alta.

No estudo, os pesquisadores analisaram tomografias computadorizadas de 120 pacientes neurológicos, dos quais 58 tinham desenvolvido sintomas graves do Sars-CoV-2 e 62 não estavam infectados, pareados por idade, sexo e doença. Como resultado, descobriram "anormalidades nas imagens cerebrais" que surgiram como resultado da doença e que os pacientes com níveis mais elevados de deficiência tinham menos volume de massa cinzenta nas regiões frontais do cérebro.

"Estudos anteriores examinaram como o cérebro é afetado pelo coronavírus usando uma abordagem de variável única, mas o nosso é o primeiro a usar uma abordagem multivariada baseada em dados para ligar essas alterações a características específicas da covid-19 [como febre e falta de oxigênio], com um resultado [o nível de deficiência]", disse um dos autores, Kuaikuai Duan.

Os especialistas explicaram que a massa cinzenta é vital para o processamento de informações no cérebro e que um nível reduzido dessa substância pode afetar o funcionamento e a comunicação dos neurônios.

O nível de substância cinzenta foi significativamente reduzido em pacientes que receberam oxigenoterapia em comparação com pacientes que não receberam, e o mesmo efeito foi observado naqueles que tiveram febre.

"Mais e mais complicações neurológicas estão sendo documentadas em pacientes com covid-19. A redução da massa cinzenta também está presente em outros transtornos do humor, como a esquizofrenia", acrescentou o pesquisador Vince Calhoun.

Os autores consideram que essas particularidades podem ser usadas como um biomarcador para diagnosticar a infecção e avaliar as opções de tratamento, mas primeiro eles sugerem replicar o estudo em uma amostra maior. (com agência Sputnik Brasil)