Estratégia: essencial há 2.400 anos

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Carla Z. Salgado, Jornal do Brasil

RIO - O ambiente contemporâneo empresarial exige das organizações mais planejamento e visão de longo prazo seja em tempos de crise ou não. E, ao contrário do que se imagina, não foi a globalização que trouxe a necessidade de planejamento. As empresas da primeira metade do século passado que sobrevivem até hoje, tornando-se importantes grupos empresariais, se destacaram porque tiveram criatividade e gestão de visão, antecipando e preparando-se para o futuro.

Planejamento é uma ferramenta administrativa para traçar e se programar antecipadamente rumo ao objetivo, que pode ser estratégico, tático e operacional, variando de acordo com o prazo, detalhamento das ações e característica de abordagem. O planejamento estratégico deve projetar a empresa como um todo em longo prazo e de maneira institucional. Do desenvolvimento, surgem os planos táticos, que são executados pelos níveis intermediários da organização. E, na base da pirâmide, vêm os planos operacionais, que abordam tarefas ou a operação isoladamente em curto prazo.

Os passos principais de um planejamento estratégico envolvem a criação da missão, visão e valores da empresa, o que ela espera para os próximos cinco anos em termos de conquistas e a definição dos aspectos que a valorizam na prestação de serviços e desempenho.

A partir destes marcos, definem-se as metas quantificadas em indicadores de desempenho corporativos de acordo com o setor em que está inserida a empresa, e, para a sua consecução, são definidas e priorizadas estratégias, derivando em planos de ação táticos e operacionais.

Não há necessidade, portanto, de se manter uma área específica responsável pelo desenvolvimento do plano bienal ou quinquenal, e deste juízo advém à terceirização do planejamento estratégico cada vez mais usual, especialmente para as empresas de middle market, que têm seus recursos financeiros limitados.

A consultoria em planejamento estratégico direciona o trabalho, trazendo a experiência das melhores práticas de mercado à realidade da empresa, somando o histórico e conhecimento do corpo diretivo que participa do desenvolvimento do plano, com o suporte da consultoria para orientar e desenvolver projeções de resultado, investimentos e retorno esperado, trabalhando a curva de maturidade das metas, além de organizar todo o trabalho, envolvendo todos os colaboradores.

O conceito de estratégia nasceu na China no século IV a.C. com o tratado A arte da guerra, de Sun Tzu, que abordou os princípios necessários para a formulação da estratégia de guerra, como a escolha do local de batalha, concentração de forças, precisão de ataque e gestão das contingências em forças.

O general francês André Beaufre defendia a força na resolução de conflitos e Maquiavel deixava clara sua posição na famosa citação os fins justificam os meios . Sun Tzu, que foi pioneiro ao escrever sobre estratégia, se destaca porque defendia o conhecimento. Se você conhece o inimigo e se conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

No mundo dos negócios, pode-se afirmar que é da determinação do futuro esperado para uma empresa que se inicia a busca do sucesso e da estabilidade organizacional. É preciso que o planejamento seja definido pelo corpo diretivo da empresa, que mais conhece suas metas e história, porém será fadado ao insucesso se a difusão aos colaboradores for insuficiente ou ineficaz filtrando informações confidenciais pois é do trabalho coletivo em torno de um objetivo claro em comum que provém o sucesso almejado.

Carla Z. Salgado é consultora da Terco Grant Thornton.