Meritocracia e globalização

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José Luiz Niemeyer dos Santos, JB Online

RIO - Com a internacionalização dos processos produtivos e culturais a posse e a sistematização da informação ganham um caráter definitivo.

O aprofundamento dos regimes democráticos é causa e consequência da participação da sociedade civil e de seus subníveis nos processos decisórios. E não há aprimoramento dos sistemas políticos contemporâneos sem a difusão da informação; principalmente entre grupos de indivíduos e instituições.

A partir destas duas premissas dadas, principalmente num mundo pós-Guerra Fria, marcado por aquilo que se chamou de Sociedades Abertas, a ideia de meritocracia se apresenta como cada vez mais moderna e pertinente às estruturas sociais vigentes.

Desta feita, como tratar do processo irreversível da globalização e do aprofundamento das práticas da participação e inclusão política sem considerar a meritocracia como um meio estratégico visando uma boa convivência na pólis? Dado que a ideia de cidade ganha também relevância nas relações internacionais contemporâneas como um objeto de análise não necessariamente amarrado às razões de Estado.

Assim, para compreender a pólis pós-moderna em que vivemos, é necessário considerarmos o processo de formação de novos atores sociais e o aumento progressivo da mobilidade socioeconômica, objetivos só alcançados a partir de políticas públicas que tenham como um dos seus principais valores a meritocracia; seja entre os indivíduos e/ou instituições.

Mais do que isso. A eficiência das práticas sociais quer em nível local, regional ou internacional, irá, progressivamente, depender dos parâmetros do conceito de meritocracia.

Todavia, aquelas sociedades dadas como meritocráticas não devem servir de modelos prontos e fechados. Estas devem, sim, buscar uma articulação institucional com realidades sociais diversas que podem estar operando outros instrumentos e parâmetros de meritocracia. Ao mesmo tempo, sociedades menos desenvolvidas não devem aceitar um padrão de conduta e de percepção da realidade que nivele por baixo suas reais potencialidades no campo da percepção e da difusão da meritocracia.

A meritocracia desfaz hierarquias, mesmo no plano internacional; sendo que aproxima os indivíduos e as instituições, amenizando as distâncias puramente geográficas.

Enfim, a meritocracia se constitui em uma ferramenta importante para a construção de um contexto de relações internacionais mais aberto e equânime, que induza a um maior controle e eficiência dos processos determinantes das oportunidades e dos benefícios da globalização.

* Cientista político