Circuito de Ateliês Abertos é destaque no preview da ArtRio

Stella Artois promoveu encontro entre público e artistas do evento

Por Daniela Calcia

Sabrina Barrios é destaque 'Na casa', na Gávea, na ArtRio

A ArtRio começa nesta quinta (19), na Marina da Glória, mas o público já conferiu um preview bem especial. A ação foi promovida pela cerveja Stella Artois, patrocinadora oficial do evento, que levou visitantes num giro pelos principais ateliês e espaços independentes de arte da Zona Sul e do Centro da cidade. Os participantes tiveram a oportunidade de ver em primeira mão o processo criativo e as experimentações nos bastidores dos artistas. O JORNAL DO BRASIL acompanhou a visita, confira:

Na Zona Sul, a primeira parada foi na Gávea, Na Casa Voa, que tem participação da artista plástica Sabrina Barrios, na exposição Corpo-Risca. Sabrina destaca a invisibilidade do ser no mundo. Cria obras que dialogam a respeito da origem da nossa vida.  A artista expõe obras femininas e corajosas que fogem dos padrões tradicionais.

No espaço 'Na casa', em São Conrado, outra mulher é destaque, a artista Talitha Rossi, que apresenta obras com pedras e bonecas, tecidos e fotografias. "Quero dialogar com a visão que a mulher tem do próprio corpo, a mutilação do corpo, o estranhamento da cirurgia plástica, será que a magreza é beleza? Brinco também com a criação de mundo que as crianças reconstroem, e peço proteção neste mês de setembro, que é o momento dos erês". Além da exposição, os visitantes podem deitar numa rede e fazer compras num brechó de roupas, pois a arte está em toda parte.

Já na galeria Carambola, também em São Conrado, artistas se dividem entre quadros, roupas e instalações. O artista visual carioca Rodrigo Villas brinca com rodas de bicicletas em suas obras.  Como em  Transport 01, vídeo instalação cuja síntese é "De tudo, somos. De onde, sejamos. Por que / porque / porquê. Existimos, humanos", como o artista publicou no Instagram. 

Atualmente, Villas divide seu tempo entre o Rio de Janeiro e Barcelona.

No Centro do Rio, a primeira parada foi no Ateliê Lanchonete Lanchonete, coletivo mobilizado pela artista Thelma Vilas Boas desde 2015. Uma cozinha comunitária e política é desenvolvida em parceria com a comunidade da Pequena África, em prol da saúde. Obras são construídas por crianças, parceiros e moradores da Gamboa. Segundo Thelma, "O que escolhemos para comer, vestir ou para ser, define a paisagem do mundo". O ateliê não apresenta só arte, também luta pela preservação do meio ambiente e pela alimentação sem agrotóxicos.

Ainda na Gamboa tem a exposição no Atelier Sanitário. O JB encontrou a famosa "mamadeira de piroca" que circulou em grupos no Whatsapp durante a campanha política presidencial recente. Sim, ela existe, não é fake news.

Várias obras do Atelier Sanitário também chamam atenção para a violência no Rio, como o Cristo preso numa gaiola. Os artistas do ateliê, Daniel Murgel e Leandro Barboza, além do crítico e curador Thiago Fernandes, apresentam a programação em parceria com o Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos.

Depois da Gamboa, teve visita ao ateliê A Mesa, espaço independente voltado para artes visuais e poesia, localizado no Morro da Conceição. Com casas tombadas e cheias de charme, as ruas do local já são uma exposição a céu aberto, com casas que datam o ano de 1870. Lá tem carta, obras com sabão e vários outros objetos que podem ser manipulados pelos visitantes. O cão Saddam recepciona a galera. Destaque para a obra 'A origem do mundo', da gateira Cecilia Cavalieri. 

Já na rua do Senado, o ateliê Despina conta com a participação dos artistas e coletivos associados, como Ana Clara Matoso, Carol Medeiros, Daniela Vasconcellos, Gabriela Noujaim, Lara Lima, Laura Lydia, Luiz Arthur Ribeiro, Pablo Ferretti, Sarah Knill-Jones e Vem Pra Luta Amada. Ana Clara Matoso apresenta uma obra feita com carvão pintado em tecido de algodão cru. A artista  vai costurando a lã no tecido e tenta traçar um mapa. "Comecei a obra há um mês, é um exercício de paciência, pois costuro por horas, vou pintando o mapa com carvão e aos poucos a obra vai tomando forma, está quase pronta", revela.

No Espaço Apis, que também fica na rua do Senado, esquina com a rua Riachuelo, no Centro do Rio, os artistas pensam a relação entre arquitetura, urbanismo e arte. Lá os visitantes também são recebidos por uma pet, a cadelinha Capuccino, da artista plástica Patrícia Bowles. Um dos destaques do espaço é a obra do artista Antônio TON, que recicla gavetas e as transforma em obra de arte. "Não dá pra jogar fora, podemos reaproveitar vários objetos e produzir menos lixo".

“A cerveja Stella Artois incentiva a democratização de espaços de cultura, como ateliês e galerias de arte, e quer quebrar o paradigma de que arte é restrita e inacessível para aqueles que não são do meio. Somos parceiros da ArtRio há três anos e, nesta edição, pensamos em desmistificar esse conceito, criando algo inédito para o público e mostrando que, assim como tomar uma 'Stellinha' gelada, é sofisticadamente simples curtir as obras e artistas que refletem a nossa cultura local”, afirma Beatriz Medeiros, gerente de cultura e relacionamento da Ambev no Rio de Janeiro.