Crítica - ‘Está tudo bem’ trata de assunto delicado: a eutanásia assistida/consentida

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO

No filme francês 'Está tudo bem', Sophie Marceau faz uma filha que precisa enfrentar o pedido do pai doente, o de ter seus aparelhos desligados

Recentemente, o astro do cinema francês Alain Delon apareceu nos noticiários por conta de pedido que fez ao filho mais velho, após sofrer alguns AVCs: caso ele tenha mais algum, e fique em estado vegetativo, que seu filho desligue os aparelhos. Na Suíça, onde ele vive atualmente, isso é possível de ser feito. É basicamente sobre isso ‘Está tudo bem’, o novo filme de François Ozon (inspirado em livro de Emmanuèle Berhein). O filme, que fez sua estreia mundial no Festival de Cannes de 2021, traz Sophie Marceau no papel de Emmanuèle, uma escritora cujo pai de 85 anos -- depois de sofrer um derrame e ficar no hospital --, pede ajuda à filha para morrer.

O cineasta François Ozon teve seus primeiros contatos com a romancista francesa Emmanuèle Bernheim no ano 2000, quando estava tendo problemas com o roteiro de “Swimming Pool – À beira da piscina”. Ela o ajudou na reescritura do roteiro e se tornaram grandes amigos. Anos depois ela o enviou o manuscrito de seu livro “Está tudo bem”, ele achou que ali havia um bom filme. Mas foi só após a morte da escritora, em 2017, que o cineasta voltou a pensar numa adaptação. E, claro, ele adicionou partes de sua própria criação ao roteiro.

Em relação ao veterano ator francês André Dussollier, que faz o pai da protagonista, o diretor confessa sempre ter sido um fã dele, em especial de seus trabalhos com grandes diretores como Alain Resnais e Eric Rohmer. Outro nome forte que está no filme é a ex-estrela juvenil francesa Sophie Marceau (que estourou nos anos 80 com o filme teen ‘La Boum/A festa’). Ela é alguém com quem o cineasta sempre quis trabalhar. Anteriormente, ele a convidou para diversos projetos, mas nunca tinha dado certo, devido a conflitos de agendas.

Outros grandes nomes no elenco de ‘Tout s´est bien passé’ (no original) são o da veterana atriz inglesa Charlotte Rampling (‘O porteiro da noite’), e o da cultuada atriz alemã Hanna Schygulla, musa de Fassbinder (com quem fez vários filmes, destaque para ‘O casamento de Maria Braun’), que faz uma alemã na Suíça que irá ajudar a família no doloroso processo. Que será muito difícil para filha, que terá de tomar a decisão quando chegar a hora. Um filme que suscita a reflexão e o debate sobre um assunto tão delicado e controverso.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.