‘A invenção do outro’, de Bruno Jorge, é o grande vencedor do Festival de Brasília
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Na noite desse domingo (20), o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro divulgou os premiados de sua 55ª edição.
A cerimônia foi apresentada pelas atrizes Bárbara Colen e Dandara Pagu, com a divulgação dos vencedores das mostras competitiva Nacional e Brasília, bem como dos troféus especiais.
O júri oficial de longas-metragens premiou como Melhor Filme da competitiva nacional, “A invenção do outro”, de Bruno Jorge.
A obra, que ganhou o principal prêmio do festival, acompanha a expedição humanitária na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos, promovida pelo Indigenista Bruno Pereira, assassinado ao lado do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022 durante viagem pelo extremo Oeste do Amazonas.
Além de melhor Longa, a produção conquistou os Candangos de Melhor Fotografia, Melhor Edição de Som e Melhor Montagem.
Antes da premiação, foram exibidos dois filmes de encerramento: “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente, documentário sobre a famosa atriz (1921-2019), e o curta-metragem “O nosso pai”, de Anna Muylaert, sobre um trio de irmãs, filhas do mesmo pai e mães diferentes, que precisam morar juntas durante uma das fases mais intensas da pandemia em março de 2021.
Palco para reflexões, debates e denúncias
O Festival de Brasília sempre foi o mais político dos festivais brasileiros e um espaço para reflexão e debates. Para isso, era fundamental ser realizado de forma presencial, o que só foi possível nesta edição, após dois anos do formato apenas on-line.
Nesse sentido, o evento foi programado para reviver seu viés e voltar ao seu palco de debates. A começar pela programação, que incluiu filmes como “Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, abordando o pilar racial da diversidade; o premiado “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, sobre os impactos da presença da extrema direita nas favelas; “Mandado”, de João Paulo Reys e Brenda Melo Moraes, uma investigação sobre o sistema penal brasileiro; e muitos outros na mesma linha.
A motivação para os debates marcou presença também nos tributos, como foi o caso da escolha do cineasta Jorge Bodanzky como o grande homenageado deste ano com uma medalha por sua obra, lembrando da força de resistência contra o regime ditatorial que o festival e a Universidade de Brasília (UnB), berço do evento, representaram.
Em última análise, foi uma edição que trouxe de volta um espaço para denúncias e protestos, tendo como mote influenciador a arte e, no caso, especificamente o cinema.
OS PREMIADOS
Mostra Competitiva Nacional
Longas-metragens
“A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge
Melhor Longa-metragem pelo Júri Oficial
“Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Melhor Longa-metragem pelo Júri Popular
Adirley Queirós e Joana Pimenta, por “Mato seco em chamas”
Melhor Direção
Lea Alves e Joana Darc, em “Mato seco em Chamas”
Melhor Atriz
Andreia Vieira, em “Mato seco em chamas”
Melhor Atriz Coadjuvante
Carlos Francisco, em “Canção ao longe”, de Clarissa Campolina
Melhor Ator
Para o coro de motoqueiros de “Mato seco em chamas”
Melhor Ator Coadjuvante
Adirley Queirós e Joana Pimenta, por “Mato seco em chamas”
Melhor Roteiro
Bruno Jorge, por “A invenção do outro”
Melhor Fotografia
Denise Vieira, por “Mato seco em chamas”
Melhor Direção de Arte
Banda Muleka 100 Calcinha, por “Mato seco em chamas”
Melhor Trilha Sonora
Bruno Palazzo e Bruno Jorge, por “A invenção do outro”
Melhor Edição de Som
Bruno Jorge, por “A invenção do outro”
Melhor Montagem
“Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Prêmio Especial do Júri
Curtas-metragens
“Escasso”, da Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles)
Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial
“Calunga maior”, de Thiago Costa
Melhor Curta-metragem pelo Júri Popular
Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, por “Escasso”
Melhor Direção
Clara Anastácia, em “Escasso”, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles
Melhor Atriz
Giovanni Venturini, em “Big bang”, de Carlos Segundo
Melhor Ator
Rogério Borges, por “Lugar de Ladson”, de Rogério Borges
Melhor Roteiro
Yuji Kodato, por “Lugar de Ladson”, de Rogério Borges
Melhor Fotografia
Joana Claude, por “Capuchinhos”, de Victor Laet
Melhor Direção de Arte
Podeserdesligado, em “Calunga maior”, de Thiago Costa
Melhor Trilha Sonora
Som de Black Maria (Isadora Maria Torres e Léo Bortolin), por “Lugar de Ladson”, de Rogério Borges
Melhor Edição de Som
Edson Lemos Akatoy, por “Calunga maior”, de Thiago Costa, e “Nem o mar tem tanta água”, de Mayara Valentim
Melhor Montagem
“Ave Maria”, de Pê Moreira
Melhor filme de Temática Afirmativa
Mostra Brasília – Prêmios do Júri Oficial
24º Troféu Câmara Legislativa
“O pastor e o guerrilheiro”, de José Eduardo Belmonte
Melhor longa-metragem (prêmio de R$100.000,00)
“Levante pela terra”, de Marcelo Costa (Cuhexê Krahô)
Melhor curta-metragem (prêmio de R$30.000,00)
Thiago Foresti, por “Manual da pós-verdade”
Melhor direção (prêmio de R$12.000,00)
Wellington Abreu, por “Manual da pós-verdade”
Melhor ator (prêmio de R$6.000,00)
Issamar Meguerditchian, por “Desamor”
Melhor atriz (prêmio de R$6.000,00)
Juliana Corso, por “Virada de jogo”
Melhor roteiro (prêmio de R$6.000,00)
Elder Miranda Jr., por “Manual da pós-verdade”
Melhor fotografia (prêmio de R$6.000,00)
Augusto Borges, Nathalya Brum e Douglas Queiroz, por “Plutão não é tão longe daqui”
Melhor montagem (prêmio de R$6.000,00)
Nadine Diel, por “Manual da pós-verdade”
Melhor direção de arte (prêmio de R$6.000,00)
Olivia Hernández, por “O pastor e o guerrilheiro”
Melhor edição de som (prêmio de R$6.000,00)
Sascha Kratzer, por “Capitão Astúcia”
Melhor trilha sonora (prêmio de R$6.000,00)
Mostra Brasília – Prêmios do Júri Popular
24º Troféu Câmara Legislativa
“Capitão Astúcia”, do diretor Filipe Gontijo
Melhor longa-metragem (prêmio de R$ 40.000,00)
“Desamor”, do diretor Herlon Kremer
Melhor curta-metragem (prêmio de R$ 10.000,00)
Mostra Brasília – Menções Honrosas do Júri Oficial
A Ivan Presença e Chiquinho da UnB, personagens do longa “Profissão livreiro”, de Pedro Lacerda
Menção honrosa do júri
Ao curta-metragem “Super-heróis”
Menção honrosa do júri
Prêmios Especiais
Prêmio Zózimo Bulbul
Concedido em parceria com a Apan – Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro e o Centro Afrocarioca de Cinema, para o curta e o longa-metragem que tenha como horizonte o corpo negro na frente e por trás das câmeras, e a inovação estética e narrativa na abordagem das subjetividades negras. Em 2022, o júri do prêmio Zózimo Bulbul foi composto pela realizadora cuiabana Paula Dias, a produtora audiovisual do DF Adriana Gomes e o coordenador de projetos do Centro AfroCarioca, Vitor José.
“Mato seco em chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta
Prêmio Zózimo Bulbul de Melhor longa-metragem
“Calunga maior”, de Thiago Costa
Prêmio Zózimo Bulbul de Melhor curta-metragem
Prêmio Marco Antônio Guimarães
Concedido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) ao filme que melhor utiliza material de memória, pesquisa e arquivos do cinema brasileiro.
“Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente
Prêmio Marco Antônio Guimarães
Prêmio Canal Brasil de Curtas
Cessão de um Prêmio de Aquisição no valor de R$ 15 mil e o troféu Canal Brasil ao Melhor Filme de curta-metragem selecionado pelo júri Canal Brasil.
“Nossos passos seguirão os seus...”, de Uilton Oliveira
Prêmio Canal Brasil de Curtas
Prêmio Abraccine
Oferecido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema nas categorias melhor longa-metragem e melhor curta-metragem.
“Mato seco em chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta
Prêmio Abraccine de Melhor longa-metragem
“Calunga maior”, de Thiago Costa
Prêmio Abraccine de Melhor curta-metragem
