Documentário de Eduardo e Lauro Escorel sobre a pandemia estreia dia 30 na Mostra de Cinema de São Paulo

.

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO

Eduardo Escorel (esquerda) e Drauzio Varella (direita) em cena do documentário

“Sars-Cov-2 - O Tempo da Pandemia”, dirigido por Lauro Escorel e Eduardo Escorel, um dos mais aguardados títulos da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, terá estreia mundial no evento que, este ano, está sendo realizado em formato híbrido: on-line e presencial.

O filme dos irmãos diretores, nomes destacados na história do cinema brasileiro pela contribuição nos campos da direção, fotografia e montagem, traz entrevistas de médicos e especialistas em saúde pública que aceitaram a missão de colaborar no combate ao coronavírus e integrar a iniciativa "Todos pela Saúde". São eles: Paulo Chapchap, Drauzio Varella, Eugênio Vilaça, Gonzalo Vecina, Maurício Ceschin, Pedro Barbosa e Sidney Klajner.

Além dos depoimentos do comitê gestor, o filme reúne comoventes relatos de sete profissionais da linha de frente, atuantes em São Paulo e Manaus, sobre a experiência de cuidar de pacientes idosos na pandemia da covid-19.

 

 

Lauro Escorel é diretor de fotografia, entre outros, de “São Bernardo”. “Toda Nudez será Castigada”, “Lucio Flávio, Passageiro da Agonia”, “Batismo de Sangue”, “Bye Bye Brasil”, “Chico: Artista Brasileiro”. Dirigiu “Fotogravação”; a série para TV “Itinerários do Olhar”, e é codiretor de “A Fera na Selva”.

Eduardo Escorel, entre outros, dirigiu “Imagens do Estado Novo 1937-45”, “Chico Antônio – O Herói com Caráter”, “Ato de Violência” e “Lição de Amor”. Foi responsável pela montagem de “Terra em Transe”, “Cabra Marcado para Morrer”, “Santiago” e “No Intenso Agora”, entre muitos outros – ele contabiliza 43 créditos no currículo.

Em entrevista exclusiva para o Jornal do Brasil, o cineasta e editor falou sobre a intenção e os desafios enfrentados para realizar o filme e a importância da première mundial na Mostra de São Paulo.


JORNAL DO BRASIL - Há muitos filmes realizados e em desenvolvimento sobre a covid-19. Mas este tem uma importância maior em face de apontar caminhos e soluções para enfrentar a pandemia. Foi essa a primeira intenção para realizar o documentário ou houve outras razões?

EDUARDO ESCOREL - A nossa intenção básica ao realizar o documentário foi recuperar e preservar a experiência pessoal e profissional imprevista dos sete integrantes do comitê gestor da iniciativa Todos pela Saúde, médicos, cientistas e especialistas em saúde pública, ao enfrentarem a pandemia procurando salvar vidas. Uma experiência não só imprevista como inédita, acredito, por disporem de recursos para tanto.

O documentário foi rodado no primeiro semestre deste ano, ainda com muitos obstáculos devido à pandemia. Quais foram os desafios para conseguir realizar o filme?

Para conseguir fazer as gravações em abril e maio deste ano, obedecemos rigorosamente o protocolo sanitário em vigor, evitamos viajar, trabalhando em Manaus com uma pequena equipe local orientada à distância, gravando uma das conversas com os especialistas em Belo Horizonte (as outras seis foram gravadas em São Paulo), também contando para isso com a colaboração de profissionais locais, testando a equipe de três em três dias, usando máscara nas gravações e, finalmente, editando à distância, com apenas um dia de trabalho presencial em uma ilha de edição.

Qual a importância dessa seleção do filme para a Mostra de SP, e que resultados você e o Lauro esperam?

A participação na Mostra é uma chancela de qualidade que muito nos honra. O fato de o documentário ter sido selecionado e poder estrear apenas cinco meses após as gravações atende nossa intenção de oferecer um filme o mais atual possível, mesmo reconhecendo que a situação vem se alterando para melhor à medida que a vacinação progride.

Embora o filme tenha por foco a realidade brasileira, ele tem um alcance universal e pode dar muitos subsídios para outras culturas. Já há planos para seu lançamento internacional?

Ainda não há planos de lançamento internacional, mas já temos uma cópia legendada em inglês que é o primeiro passo nesse sentido.

Você é diretor, montador, escritor... como consegue harmonizar tantas atividades e qual a que mais lhe motiva?

Quanto às minhas múltiplas atividades, devo ser um malabarista frustrado. Não tenho vocação para o circo, compenso fazendo várias coisas ao mesmo tempo, de fato. Considero-me um privilegiado por poder atuar em várias frentes, inclusive colaborando em filmes de colegas. A verdade, porém, é que deve ser mesmo por necessidade, dado os imprevistos e azares da profissão no Brasil.