DFB Digifest, o novo autoral artesanal

Por IESA RODRIGUES

Acessório do momento: máscara de renda renascença e richelieu, por Almerinda Maria (foto Igor Cavalcante)

A edição virtual do DFB Digifest 2020 - antes conhecido como Dragão Fashion Brasil -, encerra os lançamentos nacionais do primeiro semestre. Com desfiles inteiramente online, vistos pelo YouTube, mais uma vez dirigido por Claudio Silveira, o foco esteve na moda autoral, com marcas novas e consagradas que sempre inserem o trabalho artesanal nas obras. Estes foram os destaques dos participantes dos três dias de apresentações:

Rendá: assinada por Camila Arraes, com o tema Recomeços, muito colorida, com peças que parecem transmitir energias positivas.O trabalho artesanal enfatiza a beleza do estilo que visa o conforto e o uso em eventos mais intimistas. Bem de acordo com este momento de quarentena.

Ronaldo Silvestre: um mestre do jeans, apresentou coleção atemporal, em sarjas, denins e resíduos têxteis de algodões e tules. A gravação foi feita em uma sala de modelagem e costura em Belo Horizonte, o único a ser realizado fora de Fortaleza.

Kallil Nepomuceno: um dos mais queridos da moda cearense, desta vez trocou os luxos bordados pelas cores da coleção Aquarelas. Os tecidos são fluidos, com movimento delicado, com toques orientais. As cores vêm como pinceladas ou florais gigantes, enfeitadas por macramês e crochês. O efeito de uma gueixa moderna surpreende quem esperava longos exuberantes. Muito bonito.

Um coletivo combinou três grandes marcas, Bruno Queiroz, Gisela Franck e Bikini Society. Com estes destaques:

Bruno Queiroz: criou silhuetas abstratas, evocando sentimentos. Tafetá e shantung deram riqueza aos volumes e às cores, lembrando paixões arrebatadoras.O nome da coleção: Entrelaços.

Gisela Franck: outra estrela da criação de moda brasileira, Gisela partiu para uma proposta mais leve e minimalista, inspirada na Natureza. Como sempre, trabalhou com linho e tecidos crus, garantindo resultados atemporais e bastante comerciais. Isto é, fáceis de vestir e ficar cool.

Bikiny Society: marca que chama a atenção pela originalidade, contou histórias de viagens pela Costa Rica. Praias, trilhas, cachoeiras e montanhas foram representadas em forma de biquínis e maiôs cheios de recortes e drapeados.

Vitor Cunha: misturou os azuis em diversos tons desenvolvidos na Benatêxtil, lavanderia especializada em jeans, com o colorido e as texturas dos macramês. Um estilo masculino contemporâneo

Almerinda Maria: mais uma vez encantou pelos modelos em renda renascença, richelieu e rendas francesas, com a coleção Calmaria. É a calma transmitida pelas cores clássicas (branco, cru, nude), que Almerinda repetiu, ao lado de tons suaves de rosa-pó, verde menta e azul oxigênio. O toque atual: máscaras de proteção feitas com o mesmo mix de rendas.

O DFB cumpe também missões de cunho social. Nesta edição, gravada quase toda (com exceção de Ronaldo Silvestre, em Minas) nos estúdios da F3 Produções, foram doadas 200 mil máscaras de proteção em áreas de vulnerabilidade social da região metropolitana de Fortaleza, junto com a Enel. O Pitstop Contra a Covid-19 realizou mil exames grátis, em esquema drive-thru no calçadão da praia de Iracema, em corealização do DFB com a Cooperativa de Atendimento Pré e Hospitalar, patrocínio da Qair, apoio da prefeitura e do Instituto Iracema, apoios do Senai, sistema Fiec e Laboratórios Régis Jucá, juntamente com os sindicatos têxteis do estado do Ceará.

Claudio Silveira, diretor geral do evento, demonstrou ser possível adaptar o talento dos criadores e dos trabalhos artesanais ao obrigatório e moderno esquema que mais do que nunca exige protocolos de segurança para as equipes de produção, elencos de modelos e profissionais de beleza. Provavelmente os desfiles ainda podem ser vistos no YouTube.