Verão 2020 chega nas cores da moda

Conceitos familiares e simples marcam as cartelas das coleções

Por IESA RODRIGUES

Começou a temporada de lançamentos do verão 2020. No Brasil, já nas vitrines, no hemisfério norte, ainda nas semanas de desfiles de Nova York, Londres, Milão e Paris. O foco, mais do que nos comprimentos - já que atualmente vale tudo, desde a microssaia até os longos -, ou nas formas, é nas cores que definirão a atualidade de quem gosta de se vestir na moda.

Desde os anos 1990 quando os designers japoneses conquistaram os guarda-roupas antenadas com a sugestão do uso do preto como cor minimalista e econômica, porque dispensa lavagens frequentes, as cores fortes estavam em circuito paralelo, apareciam apenas em estampas ou acessórios. Se no mundo a grife Valentino insistia no vermelho, no Brasil, a Farm lançava os padrões em cores vivas.

Fator crítico

“Construir a cartela certa de cores é fator crítico não só para confirmar o DNA de uma marca como para enviar a mensagem efetiva para as pessoas” afirma Carly Monardo, ilustradora inglesa que lidera as campanhas da Pantone, empresa internacional que se consagrou como a maior influência nas tendências de cores desde a indústria automobilística até a decoração, além dos têxteis.

Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute, acerta na definição das cores sugeridas pela semana de desfiles de Nova York:

“São cores que expressam o desejo por um aspecto familiar, simples e que ao mesmo tempo use esta base fácil para incluir elementos de humor e distração. Uma combinação de tradições e criatividade”.

Tradução das propostas

O americano Marc Jacobs foi quem melhor traduziu estes conceitos, em seu desfile da temporada novaiorquina. Em um dos modelos, o vermelho é a base, mas a aplicação de flores dá o toque divertido.

Em Milão, mesmo o sóbrio e elegante Giorgio Armani propõe botinhas vermelhas no seu e-commerce. Outra marca italiana clássica, a Salvatore Ferragamo, escolheu o vestido vermelho como complemento na campanha para celebrar o sucesso da sapatilha Vara, best-seller desde que a grife abriu, em 1938 em Florença. Batons e esmaltes seguem a variação de cartelas: afinal, o vermelho sempre foi tradicional nestes detalhes de beleza.

Como nem sempre o vermelho recebe aclamações unânimes, uma empresa poderosa como a Pantone evita riscos de erros. As cores neutras, como os crus, beges e terrosos, continuam fortes. Ninguém deve se desfazer de suas roupas pretas, porque convivem bem com as novas sugestões. E a família dos rosas, depois da mania dos pastéis estilo nobreza inglesa, volta aos pinks que lembram a boneca Barbie e os anos 1980, fonte inesgotável de referências. A carioca Bianca Gibbon produziu uma série de vestidos e batas em rosa, que viraram destaques para o verão inspirado na Orla Bardot, de Búzios. Sem falar nos azuis, tanto os marinhos (ou Navy, como diz a moda) como os turquesas aquáticos, esverdeados.

Em resumo: vale tudo em matéria de colorido na moda. Por via das dúvidas convém pesquisar um vestido vermelho, como o longo da marca The Paradise. Ou um linho natural, da Osklen - são questões de atualização com a moda, reflexo dos movimentos da sociedade que parece ávida por simplicidade e coisas familiares, sem maiores surpresas.