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Consciência humana

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É tão comum, nos dias de hoje, ouvirmos sobre consciência, mas do que estamos falando, afinal? O que difere o ser humano de outros animais seria a tal consciência.  Consciência de si, do outro, de futuro, de vida, de morte. Talvez os outros animais possuam consciência em outro estado, diferente do nosso.  Vivem conscientes do que precisam para existir. Nós vamos além.

Vivemos em um sistema complexo que nega qualidade de vida quando não atende às necessidades básicas de saúde humana, seja em nível físico e mental, seja em nível emocional e espiritual. 

Precisamos da consciência a nosso favor, a favor da vida em sua dignidade e integralidade. A nosso favor não significa ‘a meu favor’, no consumo desenfreado, enquanto muitos morrem de fome ou sede.  Isso é um lastimável equívoco na humanidade.  A reflexão que se faz é sobre o que seria a nossa necessidade, a necessidade de todos.

Na busca por uma vida controlada e artificial, o ser humano trilha por caminhos tortuosos há séculos.  Parece-me agora como nunca antes.

A ótica de que a felicidade deve ser plena, custe o que custar, precisa ser revista.  Seria mais real começarmos a entender nossas dores e sofrimentos, em vez de fantasiar uma vida de conto de fadas.  Sem consciência trilhamos pelo caminho do lobo mau buscando encontrar a vovozinha.

A boa notícia, porém, é que já ouvimos ao longe vozes que gritam por maior consciência.  Hoje ouvimos falar em capitalismo consciente. Essa é uma boa nova em nossos tecnológicos tempos de solidão em meio a um milhão de amigos virtuais.

No capitalismo consciente preza-se a necessidade da pessoa e não a do sistema.  Não precisamos de tanta coisa para nos sentir inteiros, como quer o sistema nos convencer.  Não há como obter tranquilidade em meio ao caos desenfreado da eterna busca por mais e mais bens materiais e dinheiro, na vã tentativa de encontrar o pote de ouro ao final do arco-íris.  No corre-corre por esta busca, nem deu tempo de ver o arco-íris no céu! É uma mudança de mentalidade, de consciência. 

No capitalismo consciente, a busca é esse equilíbrio.  Para tanto, a educação precisa ser crítica e transformadora a fim de que não se deixe enganar com o falso “capitalismo consciente”. Já se anda vendendo ecologia a granel nos mercados verdes amarronzados. Há sempre a tendência de se voltar à velha conhecida zona de desconforto.  Portanto, a consciência do que é realmente importante em termos de vida em coletividade faz-se necessária de forma urgente.  Alimentar o egoísmo ou a individualidade só trarão resultados ainda mais desastrosos. 

Somos coletividade. Enquanto um sofre, todos sofrem.  Ainda que não se saiba, existe essa cadeia de causas e consequências.  Um abastado financeiramente, quando não sente culpa, está cercado.  Cercado eletricamente por cima do seu muro que traz a ilusão de sua separação.  Falta essa consciência.  A consciência do todo. Com esta consciência, aliada a uma educação transformadora, crítica e analítica, talvez ainda tenhamos alguma chance de prolongarmos a vida humana em nosso planeta.

 

*Cláudia Gonçalves é educadora e empresária