Muito se fala sobre a importância de uma equipe bem treinada no ambiente corporativo e mais ainda sobre o déficit de profissionais em alguns segmentos estratégicos da economia nacional, caso da tecnologia da informação. Para se ter uma ideia, aproximadamente 78.500 vagas de TI (tecnnologia de informação) serão criadas em 2014, ao passo que apenas 33.600 pessoas serão formadas para ocupá-las. Para fazer contraste a essa realidade, as organizações precisam estar atentas aos programas e ações de educação de governo que buscam entender a educação e as urgentes necessidades de qualificação.
A atual política de formação profissional do governo federal, concentrada no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) é um bom exemplo. Instituições de ensino, prefeituras e empresas localizadas em municípios que possuem o programa terão, em médio prazo, os bons frutos dessa corrente. A inclusão social, por meio da educação, como já preconizava Gilberto Freyre, em pleno século 21 ganha novo fôlego e novos adeptos. De um lado, há uma massa de brasileiros em idade economicamente ativa buscando inserção em novos mercados, mais tecnológicos e modernizados. De outro, gestores públicos com olhar em tendências e demandas por fomento à indústria, aos serviços e ao comércio capazes de promover desenvolvimento local.
Ao investir em programas de capacitação, governos locais e empresas passam por um ciclo de transformação. Inicialmente, o impacto é na imagem institucional, já que a corporação e/ou o Estado passam a cumprir um papel social, de valorização da mão de obra. Na sequência, esse investimento tem retorno por meio do desenvolvimento organizacional, resultando em melhorias na localidade, que contará com um número maior e com melhores profissionais. Somam-se ainda a essa corrente da educação os esforços em empreendedorismo e os arranjos produtivos locais, que fortalecem a economia.
Ao terem acesso a cursos profissionalizantes, os colaboradores ampliam consideravelmente seu universo de possibilidades. Os resultados, a princípio, são individuais. Entretanto, os impactos percebidos a partir do desenvolvimento e da qualificação da mão de obra são seguramente voltados para os seus empregadores e microeconomia local. A oferta de mão de obra qualificada beneficia o desenvolvimento mercadológico e empresarial na região onde ocorre, aumentando o consumo. Independentemente do setor de atuação, as empresas demandam profissionais especializados, já que concentram boa parte de seus investimentos nas tecnologias usadas em processos e produtos. Dessa maneira, necessitam de pessoas com alto rendimento e, consequentemente, diplomadas em nível médio e superior, a fim de manter seu negócio ativo e com perfil inovador.
É essa visão colaborativa que tem motivado projetos e programas em diferentes níveis no país. Com base em estudos de demanda populacional, indicadores de desenvolvimento humano e também do mercado de trabalho, gestores públicos e privados vêm recriando a forma de ofertar o acesso à educação profissional. Jovens e adultos, além das iniciativas estritamente públicas, têm agora, com os programas público-privados, mais alternativas para estudar e desenvolver suas carreiras. Em um país em desenvolvimento, são esses indivíduos que levarão à consolidação de nichos de mercados setores econômicos e também das teses de tantos sociólogos e pedagogos. Parafraseando o mestre Freyre, seria repensar o mundo de forma mais atual, com os homens, suas engenharias e seus meios sociais.
*Douglas Dias, especialista em gestão empresarial, é gestor de projetos da Fundação FAT (Fundação de Apoio à Tecnologia) desde 2008.