A relação entre sócios, principalmente quando se trata de gestores, pode significar a chave de sucesso ou de fracasso na vida empresarial e pessoal de cada um. A possibilidade de gerar sinergia em um projeto conjunto, alavancando energia e dividindo responsabilidades de forma salutar, pode levar cada sócio ao sucesso financeiro, ao destaque profissional e à adequada qualidade de vida, com equilíbrio entre trabalho e família.
Em contrapartida, tudo (ou seja, dia a dia pessoal, conquistas empresariais e financeiras e dedicação à família) pode ser seriamente prejudicado se a relação diária com o sócio for traumática. O que pode levar uma relação entre sócios a ser traumática ou não sinergética?
Em primeiro lugar, claro, a falta de sinergia. Não existe justificativa para uma sociedade se não houver sinergia entre os sócios. E só haverá se houver complementariedade, ou seja, se os objetivos em relação à empresa, a especialidade profissional, o estilo de gestão e a dedicação forem somatórios (e não conflitantes).
Infelizmente, a análise racional destes pontos é evitada na maior parte dos casos, sendo empurradas para debaixo do tapete as divergências e as insatisfações em relação ao sócio. E tudo isso poderia perfeitamente ser tratado e negociado de forma construtiva. O que é ignorado se transforma em bomba relógio contra a sinergia.
Em segundo lugar, um grande ofensor a uma boa relação entre sócios é a falta de regras e agenda para discussão e tomada de decisões. Todo sócio gestor se depara com uma série de decisões diárias referentes à organização e a sua gestão. Torna-se necessário, então, separar o que é assunto da sociedade (societário) do que é do dia a dia (gestão), além de definir as regras de poder e autonomia para as decisões (Acordo de Cotistas/Acionistas e Regime de Competência e Delegação de Poderes ). E, então, definir uma rotina de reuniões entre sócios visando discussão e tomada de decisões.
Infelizmente, a maior parte das sociedades não dispõe de tais instrumentos básicos de funcionamento, e essa falha geralmente causa conflitos societários, com prejuízos para todos os sócios, familiares, empresa e colaboradores. Encarar de frente a realidade da sociedade e diagnosticar o seu perfil é o primeiro passo para melhorar o dia a dia com o seu sócio!
* José Carlos Ignácio, sócio-fundador da JCI Acquistion, é formado em administração de empresas, é autor do recém-lançado livro 'Todo relacionamento entre sócios pode ser melhorado' (Anadarco Editora). - [email protected]